Uma mulher disputa pela 1.ª vez a vice-presidência do Quénia
Pela primeira vez na história do Quénia, uma mulher, Martha Karua, poderá ser eleita vice-presidente do país caso a aliança Azimio la Umoja, liderada por Raila Odinga, sair vencedora das eleições da passada terça-feira.
Karua não é propriamente uma desconhecida dos quenianos, sendo uma fervorosa activista social, com histórico rico como defensora dos direitos humanos, da democracia e da integridade.
A sua candidatura é também interpretada como uma estratégia para conquistar o eleitorado feminino. A igualdade de género está na agenda eleitoral no Quénia, com as duas candidatas presidenciais a concorrer pelos votos das mulheres.
Mas Karua, advogada e ex-ministra da justiça e assuntos constitucionais, é uma veterana na política queniana. Mas a sua candidatura tem-lhe valido muitas críticas dos seus opositores, que procuram miná-la com base no seu género.
Um desses episódios foi protagonizado pelo principal adversário da sua candidatura, William Ruto, que durante a campanha, no Quénia Central, um importante bloco eleitoral, falando em suaíli, referiu-se a ela como “huyo mama” – que significa “aquela mulher”, nunca referindo o seu nome.
Num outro evento de campanha, Sylvanus Osoro, membro do parlamento, pôs em causa a credibilidade de Karua para liderar quando se dirigia aos apoiantes do partido. Chamou-a inapta para o papel de vice-presidente porque não era casada. Insinuou que tal indicava que ela não era de confiança e que abandonaria o governo caso a sua coligação vencesse.
A idade de Karua (tem 64 anos) também foi usada contra ela. Os políticos rivais referiram-se-lhe como a “cucu”, um termo Kikuyu para avó.
Mas Karua parece desvalorizar as críticas, referindo-se à possível vitória de Azimio como o início de “serikali ya baba na mama”, que significa um “governo de mãe e pai” – uma analogia tirada de uma família tradicional no Quénia onde uma mãe e um pai têm papéis distintos. Se a aliança de Karua ganhar será uma vitória com particular simbolismo para as mulheres do Quénia.