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Mar de gente no último adeus a Azagaia

Milhares de pessoas despediram-se ontem, dia 14, em Maputo, de Edson da Luz, por todos conhecido como Azagaia, o maior rapper de Moçambique.

Às 7h30, já havia uma inusitada agitação junto ao Paços do Conselho da cidade de Maputo. Foi ali que pouco depois a urna com o corpo do músico chegou para ser velada no salão nobre.

A missa fúnebre esteve a cargo de bispo anglicano, D. Domingos Sengulane, o mesmo sacerdote que baptizou o artista na Namaacha, terra natal de Azagaia. “Ele, efectivamente, recebeu o Espírito Santo, integrou-o, facto que o levou a falar de questões como a paz e a justiça, ou seja, questões de vida plena”, referiu.

À medida que decorria a missa de corpo presente, do lado de fora, a Praça da Independência, sob a figura tutelar da estátua de Samora, enchia-se de gente que clamava as frases que tornaram célebre o rapper. No interior, sucederam-se os discursos: das associações da sociedade civil, de músicos, de companheiros de jornada, da ministra da Cultura e Turismo e da família.

Adriano Nuvunga, do Centro para a Democracia e Desenvolvimento, depois de referir que “Azagaia combateu um bom combate, destacou a “elevada ousadia do músico, pouco comum nos jovens, de dizer aquelas coisas que muitos sabem, mas têm medo de dizer. Azagaia não tinha medo de dizer aquilo que os políticos não gostam de ouvir. Cantou sempre para o seu povo e pelo seu povo.”

Um dos companheiros no grupo “Cortadores de Lenha”, não teve pejo em afirmar que “nós no palco não fazíamos shows, mas sim comícios. A energia do Edson em palco era imparável.”

A ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Marterula,  realçou o seu legado. “Partiu o rapper, mas a sua obra perdura para as gerações vindouras. Todos devemos contribuir para a preservação da sua obra. Projectou a arte e cultura moçambicanas além-fronteiras.”

Depois vieram os discursos mais emocionados: os da família. Filhas, irmãos e primos terminaram as suas intervenções invariavelmente com lágrimas nos olhos numa comoção que a todos tocou.

Por volta das 11 horas, após a apresentação dos pêsames à família, a urna, carregada por familiares e companheiros, abandonou os Paços do Conselho. Cá fora, milhares clamavam de punho direito erguido: Corruptos, Fora! Ladrões, Fora! Assassinos, Fora! Povo no Poder! Povo no Poder! Azagaia dixit.

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