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Vila de Macomia debaixo de fogo

No Norte de Moçambique

Os terroristas, por volta das 04h00, estavam a entrar em Macomia (…). Apanharam uma resistência muito forte, durou quase 45 minutos com os meus jovens [militares das FADS]. E esses é que são os que me dão coragem”, descreveu, o presidente da Moçambique, Filipe Nyusi, ao intervir numa cerimónia pública em Maputo, hoje de manhã, sexta-feira, dia 10.

“Resistiram 45 minutos e eles se retiraram. Acho que se organizaram mais um bocadinho, 50 minutos depois voltaram”, detalhou, acrescentando que pelo menos um atacante foi “capturado”, armado e “a disparar”. Explicou igualmente que o ataque desta madrugada acontece numa zona que antes era controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

“É verdade que uma é zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (…). Como estão de saída. Espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso”, reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos. “Estão a responder positivamente. Já prevíamos”, apontou.

A vila sede distrital de Macomia está sob ataque desde o início da madrugada, depois da chegada de um grupo de insurgentes, adiantaram hoje à Lusa fontes da população.

Os tiroteios na sede distrital começaram por volta das 04h00 (05h00 em Luanda), com os rebeldes a aparecerem no centro da vila, vindos da estrada de Mucojo, relataram as fontes. “Não estamos bem, os terroristas estão a atacar, chegaram de madrugada e não sei ao certo se morreu ou não alguém”, disse à Lusa uma fonte a partir de um esconderijo, em Macomia.

Cinco distritos isolados devido aos ataques

As mesmas fontes indicaram que toda a vila sede distrital de Macomia está tomada por mais de uma centena de insurgentes. “Estou a dizer que os disparos estão a acontecer em todo o lado, os terroristas ocuparam a vila toda e ainda não saíram, não sabemos se é desta vez que querem ocupar ou não”, relatou a fonte.

Ao início da manhã, algumas lojas de venda de produtos de primeira necessidade e carros de transporte de passageiros, bens e comércio foram abandonados pelos proprietários, devido ao medo. “Ninguém levou nada, tudo está abandonado, desta vez foi demais porque já estávamos a recomeçar”, lamentou à Lusa um comerciante de roupa no centro de Macomia.

A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocímboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.

Recorde-se que a província enfrenta, desde Outubro de 2017, uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

Após vários meses de relativa acalmia, desde o início do ano que novas movimentações e ataques de rebeldes voltaram a causar milhares de deslocados, mortes, destruição de casas e edifícios públicos.

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