Estamos juntos

Eskom perde mensalmente 55 milhões de dólares devido à corrupção

A maior empresa de electricidade de África, a sul-africana Eskom, perde 55 milhões de dólares por mês devido a roubo e corrupção.

“Esta é uma estimativa feita por baixo, baseada na minha avaliação das perdas ocorridas pela Eskom que chegaram ao meu conhecimento”, afirmou Andre de Ruyter, o antigo Director Executivo (CEO, em inglês) da empresa estatal, de acordo com o site Africanews.

De Ruyter fez a revelação numa carta dirigida ao Comité Permanente de Contas Públicas do Parlamento sul-africano (SCOPA). A alegação surge no meio de uma crise energética que ameaça paralisar a economia da África do Sul.

Este veterano do sector energético está há meses envolvido numa disputa com o governo sobre a corrupção na maior empresa de electricidade de África. Anteriormente, De Ruyter acusou alguns líderes do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder, de terem prejudicado o gigante da energia com a sua corrupção. O partido, no entanto, negou as acusações, dizendo que De Ruyter estava a tentar manchar a imagem do ANC antes das eleições gerais de 2024.

Ex-CEO terá sobrevivido a uma tentativa de o envenenar

No passado dia 12 de Dezembro, De Ruyter sobreviveu a uma alegada tentativa de assassinato no escritório da Eskom em Joanesburgo, depois de ter bebido uma chávena de café alegadamente misturado com cianeto. Este episódio aconteceu pouco depois de ter dado conta da sua intenção de se demitir. O seu mandato como CEO da empresa ficou marcado pela purga de funcionários corruptos que alegadamente sabotavam o fornecimento de energia, danificando as infra-estruturas.

No entanto, em Fevereiro, De Ruyter foi demitido das suas funções. Na sua comunicação à SCOPA, o antigo CEO da Eskom enumerou uma série de esquemas de corrupção que se tinham infiltrado na empresa. O roubo de carvão, segundo ele, causou as maiores perdas à empresa, uma vez que cerca de 5% das despesas da Eskom com carvão – mais de 27 milhões de dólares por mês – eram roubados. Denunciou também um esquema de extorsão mensal de 22 milhões de dólares envolvendo vales de electricidade pré-pagos. Isto para além do alegado roubo de combustível no valor de milhões de dólares das centrais eléctricas, de acordo com De Ruyter.

O Banco Central da África do Sul previu 250 dias de apagão em 2023, o que se traduz numa perda anual histórica de 12,7 mil milhões de dólares – 51 milhões de dólares por dia. No ano passado, registaram-se mais de 200 dias de racionamento de energia. Esta situação provocou um colapso económico e o fenómeno foi declarado uma catástrofe nacional.

“Estamos [portanto] a declarar um estado de catástrofe nacional para responder à crise da electricidade e aos seus efeitos”, disse o presidente Cyril Ramaphosa durante o seu discurso anual sobre o Estado da Nação na Cidade do Cabo, a 9 de Fevereiro. Na sequência desta declaração, Ramaphosa desbloqueou mais fundos para comprar novos geradores e painéis solares.

Refira-se que, de há dois anos a esta parte, a África do Sul enfrenta a pior crise energética da sua história, com os cidadãos obrigados a ficar sem electricidade mais de 10 horas por dia.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...