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O olhar da imprensa espanhola sobre a visita de Filipe VI

A imprensa espanhola, apesar de ocupar grande parte do seu espaço de actualidade com informações sobre a catástrofe natural ocorrida na Turquia e Síria, tem dado o devido destaque à visita presidencial dos reis a Angola, naquela que é a 14ª visita de Estado dos monarcas ao estrangeiro e a primeira a esta zona do continente africano.

O  jornal “La Razon”, publicado em Madrid, destaca a intervenção de ontem, 8 de Fevereiro, de Felipe VI no Palácio Presidencial em que este referiu que “Angola é para Espanha um país-chave pela sua estabilidade política e boas perspectivas económicas.” Mais adiante, expressou o desejo que “Espana seja uma referência para Angola na Europa, e que Angola seja também uma referência para Espanha em África.”

Mas a frase “temos uma valiosa perspectiva de colaboração, amizade e compreensão” é talvez a ideia que melhor resume as primeiras palavras que o rei Felipe VI pronunciou em Angola, após um elogio ao seu presidente, João Lourenço, no Palácio Presidencial. A visita de Estado tem sido marcada pela boa relação e harmonia entre os dois países, valorizada pela relação bilateral, com mais de cinquenta anos de história, uma vez que a Espanha foi um dos primeiros países a reconhecer a independência de Angola, em Novembro de 1975.

O “La Vanguardia” destaca a dimensão africana de Espanha “tanto nas margens do Mediterrâneo como em direcção ao sul deste vasto continente. É indiscutível que estamos unidos pela geografia, mas a nossa vocação africana vai muito além disso”, referiu o monarca.

No “El Mundo”, o investigador do Elcano Royal Institute, Ainhona Marín Egoscozábal, realça que  “tradicionalmente, estávamos [a Espanha] mais interessados no Norte de África, mas há uma mudança de paradigma em 2019, com a aprovação do terceiro Plano África”, explica. Nesse documento, no prólogo sobre onde centraria os objectivos estrangeiros lê-se: “A Espanha deve liderar a nova aproximação da UE a África. Somos o país mais adequado para o fazer. Podemos considerar-nos um país bi-continental, uma vez que uma parte significativa da nossa população e território estão geograficamente localizados no continente africano e nas suas costas. O “El Mundo” destaca ainda o encontro entre o monarca, responsáveis políticos angolanos e empresários espanhóis que teve lugar na tarde de ontem, terça-feira, no hotel Epic Sana, em Luanda. Mais de 60 empresas espanholas foram convidadas e 17 ministros angolanos foram acreditados para o encontro. O rei classificou de “magnífica oportunidade” para “identificar alguns dos sectores mais importantes para a colaboração” entre os dois países. Com o apoio de Antonio Garamendi, Presidente do CEOE, e José Luis Bonet, Presidente da Câmara de Comércio, o Rei recordou que “Angola sempre foi importante para a Espanha”. Foi um dos primeiros países a reconhecer a sua independência e “desde então tem contado com o nosso apoio em todas as áreas, especialmente nas esferas económica e comercial.”

De acordo com o “La Razon” a economia, cultura e intercâmbios linguísticos estiveram muito presentes no discurso do Chefe de Estado espanhol, especialmente em áreas como infra-estruturas, saneamento, agronegócios, pescas, energia e turismo. Neste último sector, o Rei Felipe VI salientou o estabelecimento da primeira ligação aérea directa entre Luanda e Madrid inaugurada no Outono de 2022, “um grande trunfo para todas as empresas.” Filipe VI considera Angola, “um país de rendimento médio, e um actor regional fundamental devido ao seu papel na consecução da paz na vizinha República Democrática do Congo. “João Lourenço é reconhecido pelos seus homólogos como um campeão da Paz. Felicitamo-lo imensamente e encorajamo-lo a continuar este louvável esforço.”

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