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Sector bancário angolano mantém resiliência no 1º semestre de 2022

A actividade económica em Angola melhorou no primeiro semestre de 2022 em relação ao ano anterior.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o crescimento real do PIB atingiu 3,2% no período, o que compara com uma taxa de crescimento mais modesta de 1,1% em 2021. Esta evolução mais favorável deveu-se a uma recuperação da indústria petrolífera (2,2%), sobretudo após uma contração em cada um dos últimos seis anos (2016-21), e ao crescimento continuado no sector não petrolífero (3,5%).

Reflectiu igualmente uma melhoria das condições de liquidez no mercado cambial, bem como os efeitos favoráveis das restrições mais baixas relacionadas com a pandemia. Dito isto, a actividade no sector não-petrolífero abrandou face a 2021 na sequência de uma contração no sector do retalho (-1,2%) e serviços financeiros (-27,9%). Globalmente, o sector petrolífero representou 27,0% do PIB total no primeiro semestre de 2022, o que é praticamente o mesmo valor que no período homólogo.

A inflação está numa trajectória descendente

Os últimos dados do INE mostram também que a inflação anual está a desacelerar em 2022 e que parece estar bem encaminhada para atingir a previsão do BNA de uma taxa de inflação inferior a 18% até ao final do ano.

Os preços no consumidor subiram 18,2% em Setembro, o que compara com 27,0% em Dezembro 2021. Esta evolução tem sido graças à subida mais moderada do custo de alimentos e bebidas não-alcoólicas, hotéis, cafés e restaurantes e lazer e cultura.

A trajectória descendente da taxa de inflação permitiu ao banco central baixar a sua taxa de juro de referência em 50 pontos base para 19,5% na sua última reunião de Setembro e poderá levar a novos cortes nas taxas de juro num futuro próximo.

O kwanza apreciou-se no primeiro semestre de 2022

O barril de petróleo manteve-se acima dos 100 dólares durante boa parte do primeiro semestre de 2022, apoiando o sector externo angolano e proporcionando mais liquidez cambial ao mercado doméstico.

Isto permitiu que a taxa de câmbio do kwanza continuasse a apreciar e a atingir 428,2 kwanzas por cada nota de 1 dólar no final de Junho 2022 face a 560 kwanzas por cada nota de 1 dólar em Dezembro 2021, o que representa uma apreciação de cerca de 30%. Esta evolução mais estável do kwanza também ajudou a conter a inflação, uma vez que Angola continua a importar uma parte significativa dos bens consumidos.

O lucro líquido do sector bancário continua a crescer

As contas do semestre disponibilizadas pelos bancos comerciais angolanos mostraram que o seu resultado líquido global continuou a melhorar no primeiro semestre de 2022 face ao ano anterior. Em particular, o resultado líquido total destes 21 bancos aumentou 36,6% para 258,157 milhões de kwanzas no período.

Os seus dados do balanço também mostraram que o total dos activos atingiu 13,375 mil milhões de kwanzas (-4,9%), enquanto os empréstimos líquidos mantiveram-se quase inalterados em 2,789 mil milhões de kwanzas (0,9%) e os depósitos caíram 5,7% para 10,013 mil milhões de kwanzas. Isto significa que o rácio de empréstimos sobre depósitos situou-se nos 27,9% em Junho 2022, quase o mesmo nível de 27,6% em Dezembro 2021.

Entretanto, os dados divulgados pelo BNA mostraram que o rácio total de solvabilidade do sector situou-se nos 20,49% em Junho. Este valor compara com 24,24% em Dezembro 2021 e 18,37% em Junho 2021. Além disso, o rácio de incumprimento do crédito (NPL) manteve-se relativamente estável nos 19,37% (face a 19,46% em Dezembro 2021 e 18,22% em Junho 2021).

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