Estamos juntos

Opositor político etíope morto a tiro

O opositor político etíope, Bate Urgessa, de 41 anos, recentemente libertado da cadeia, foi encontrado morto, esta quarta-feira de manhã, dia 10, depois de ter sido baleado mortalmente.

Urgessa tinha sido libertado sob caução, a 6 de Março, após ter estado 15 dias preso na sequência da sua detenção, a 22 de Fevereiro, em Adis Abeba, juntamente com o jornalista francês, Antoine Galindo, do “site” Africa Intelligence. Os dois foram acusados de “conspirar” com grupos armados para “criar o caos” na Etiópia.

Lemi Gemechu, porta-voz do partido Frente de Libertação Oromo, o partido do finado, indicou à agência France Presse que Bate Urgessa “foi detido pelas forças governamentais num hotel em Meki”, na terça-feira, por volta das 17h, e depois “foi levado imediatamente para um centro de detenção” nesta localidade 150 quilómetros a sul de Adis Abeba, no estado regional de Oromia.

A sua família confirmou que “ele foi encontrado morto numa estrada (…) nos subúrbios de Meki”, na manhã de quarta-feira, por volta das 9h00, tendo sido “baleado mortalmente”. Meki era a sua cidade-natal.

Daniel Bekele, líder da Comissão Etíope de Direitos Humanos, reagiu no X (ex-Twitter) e pediu “uma investigação rápida, imparcial e exaustiva” sobre a sua morte “para que os responsáveis sejam responsabilizados.”

Bate Urgessa foi líder da Frente de Libertação Oromo. Os Oromo são o mais numeroso dos cerca de 80 povos da Etiópia. Urgessa conheceu várias prisões etíopes, quer durante o antigo governo de coligação (1991-2018), quer sob o governo do actual primeiro-ministro, Abiy Ahmed. Em 2022, foi libertado por motivos de saúde, após um ano de detenção.

A Frente de Libertação Oromo era ilegal e tinha um braço armado até 2018, mas abandonou a luta armada contra uma amnistia, o reconhecimento legal e o regresso do exílio dos seus líderes, quando o actual primeiro-ministro chegou ao poder e se anteviu uma abertura política. Entretanto, a Frente de Libertação Oromo acusou o governo de ter fechado muitos dos seus escritórios, dificultado a sua participação nas eleições e preso vários dos seus funcionários, alguns dos quais foram encarcerados durante anos sem julgamento.

Todavia, uma facção da Frente de Libertação Oromo recusou entregar as armas em 2018 e criou o Exército de Libertação Oromo, considerado como “terrorista” pelo poder. Esta organização armada combate as forças governamentais em Oromia, a maior e mais populosa região da Etiópia, com cerca de 40 milhões de habitantes, maioritariamente oromo.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...