Crescimento económico de Angola não terá por base sector petrolífero
Segundo previsões do FMI
O economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) Thibault Lemaire, que coordenou o relatório sobre a economia da África Subsaariana, considerou esta segunda-feira, dia 22, à agência Lusa, que o crescimento de Angola este ano está sustentado no sector não petrolífero, prevendo uma inflação elevada.
“A economia angolana manteve-se resiliente no ano passado; depois da recuperação em 2021 e 2022, foi fortemente atingida em 2023 por um declínio na produção e nos preços do petróleo, coincidindo com o fim da moratória” sobre os pagamentos da dívida, na sequência da suspensão dos mesmos devido à pandemia de covid-19, disse o economista à Lusa no final dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorreram até sábado em Washington.
O FMI prevê um crescimento de 2,6% e 3,1% neste e no próximo ano em Angola, abaixo dos 3,8% e 4% estimados para a região da África Subsaariana, e acima dos 0,5% em 2023, de acordo com a actualização das previsões apresentadas na semana passada.
Ainda assim, o organismo prevê uma “recuperação gradual da actividade económica em 2024, sustentada pelo desempenho da economia petrolífera e não petrolífera, com a inflação a permanecer elevada este ano e a desacelerar gradualmente.”
Nos documentos divulgados na última semana, o FMI previa que, depois de um aumento de 13,6% no ano passado, os preços subissem 22% este ano e 12,8% em 2025.
Em termos de recomendações, o economista responsável pela coordenação do relatório sobre a África Subsaariana, divulgado na sexta-feira (19), referiu que “a curto e médio prazo, a consolidação orçamental e as reformas neste domínio são essenciais para reforçar a sustentabilidade orçamental e da dívida pública”, e conclui que “a aceleração da implementação de reformas estruturais é fundamental para garantir a estabilidade macroeconómica e promover um crescimento diversificado, resiliente e inclusivo”.
Na África Subsaariana, o crescimento deverá aumentar de uns 3,4% previstos em 2023 para 3,8% em 2024 e 4% em 2025, “com os efeitos negativos dos choques climáticos a manterem-se e os problemas nas cadeias de fornecimento a melhorarem gradualmente”, fez saber a entidade financeira.
A nível mundial, o FMI melhorou em uma décima a previsão do crescimento global para 3,2% este ano, taxa que também espera para o próximo ano. A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê que o crescimento global, estimado em 3,2% em 2023, continue ao mesmo ritmo em 2024 e 2025.
A previsão para 2024 foi revista em alta em 0,1 ponto percentual (pp) face ao relatório de Janeiro, e em 0,3 pp face a Outubro do ano passado.