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Saída da missão da SADC de Cabo Delgado acontece após “estabilização”

O Presidente moçambicano disse hoje que a saída em curso da missão militar SAMIM, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) de Cabo Delgado, acontece após a “estabilização” daquela província, mas que alguns países vão permanecer.

“É do conhecimento público que os nossos irmãos que nos apoiaram, neste caso concreto da SADC, estão de saída, depois de terem atingido uma fase crucial da estabilização (…). Saiu já o Lesoto, está a sair o Botsuana, está a sair a África do Sul”, detalhou o chefe de Estado, ao intervir na abertura, esta manhã, em Maputo, da 10.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique.

Contudo, acrescentou que se mantém em Moçambique “ainda a força da Tanzânia”, que coopera “na base bilateral”, e os militares do Ruanda, também fora da missão da SAMIM.

O Presidente de Moçambique não comentou nesta intervenção a decisão do Presidente da África do Sul, que em abril comunicou a extensão até final do ano da missão sul-africana em Cabo Delgado, que até agora atuava na missão da SAMIM, a qual deverá retirar-se totalmente até 14 de Julho.

O porta-voz do Governo moçambicano disse em 30 de Abril que o executivo ainda não possui uma “comunicação formal” sobre a extensão do prazo das operações das Forças Armadas da África do Sul em Cabo Delgado.

“Em relação à extensão da tropa sul-africana, a resposta mantém-se, não temos registo de uma comunicação oficial, como foi dito pelo ministro do setor [Cristóvão Chume]”, declarou Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros, após uma reunião do órgão.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, estendeu até 31 de Dezembro deste ano a operação das Forças Armadas da África do Sul (SANDF), com 1.495 militares, no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

Numa carta dirigida ao parlamento sul-africano, a que a Lusa teve acesso, o chefe de Estado refere que a extensão daquela missão, ao abrigo da denominada “operação Vikela”, vai custar 984.368.057 rands (47,8 milhões de euros), sendo válida desde 16 de Abril.

“Os elementos da SANDF destacados vão continuar com as suas responsabilidades no combate a actos de terrorismo e violência extremista no norte de Moçambique”, lê-se na carta.

Ramaphosa explica que esta extensão visa cumprir as “obrigações internacionais” da África do Sul perante a SADC no combate ao terrorismo na região.

Um grupo de militares das SANDF na missão SAMIM, denominada Equipa Delta, começou a sair de Moçambique no dia 13 de Abril, no processo de retirada que arrancou no início do mês com os militares do Botsuana, seguindo-se nos últimos dias um grupo do Lesoto.

A SAMIM está em Cabo Delgado desde meados de 2021 e, em Agosto de 2023, a SADC aprovou a sua prorrogação por mais 12 meses, até Julho de 2024, prevendo um plano de retirada progressiva.

A missão compreende tropas de oito países da SADC, “trabalhando em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras tropas destacadas para Cabo Delgado”.

O Presidente de Moçambique afirmou em 18 de Abril que devem ser os moçambicanos os responsáveis pela defesa do país, face à saída, em curso, da SAMIM.

“O grande responsável pela defesa de Moçambique somos nós, os moçambicanos. Os nossos amigos vão nos ajudar. Eu tenho dito que agora estamos numa fase de capacitação, de construção de resistência, estabilização do país depois da recuperação dos problemas”, afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, no fim de uma visita a Washington, sobre a situação em Cabo Delgado, província palco de ataques de terroristas nos últimos seis anos.

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