Igreja católica de Angola prepara-se para o funeral de D. Alexandre do Nascimento

Alexandre do Nascimento, único cardeal angolano, nasceu a 1 de Março de 1925, em Malange. Licenciou-se em Teologia, na Pontífica Universidade Gregoriana de Roma onde também obteve bacharelato em Filosofia

Foi professor de Teologia Dogmática no Seminário Maior Arquidiocesano do Sagrado Coração de Jesus em Luanda e redator-chefe do jornal católico “O Apostolado”, tendo sido ordenado padre em Dezembro de 1952.

A 10 de Agosto de 1975, o papa Paulo VI nomeou-o bispo de Malanje, tendo sido ordenado a 31 do mesmo mês, na Catedral de Luanda. A 3 de Fevereiro de 1977, foi nomeado para a nova Sé Metropolitana do Lubango.

Em Outubro de 1982 foi raptado – durante uma visita pastoral – por um grupo de homens armados, que o libertaram a 16 de Novembro seguinte. Foi elevado a cardeal, a 2 de Fevereiro de 1983, por São João Paulo II, tendo sido nomeado arcebispo de Luanda a 16 de Fevereiro de 1986, tendo permanecido nessa missão até 23 de Janeiro de 2001.

A Igreja Católica angolana celebrou em Agosto último os 50 anos de ordenação episcopal do cardeal Alexandre do Nascimento.

Reacções

Numa mensagem de condolências o presidente João Lourenço afirmou-se consternado com o falecimento do cardeal e disse que “Angola, a Pátria, perde assim um dos seus filhos mais insignes, um homem bom que consagrou grande parte da sua vida a transmitir aos seus, valores e princípios para uma vida em dignidade, de perdão e de respeito ao próximo.”

Em Portugal, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa evocou o “seu antigo colega da Faculdade de Direito, notável personalidade angolana e figura da Igreja Católica.” O chefe de Estado português sublinhou que D. Alexandre Nascimento deixou “uma intensíssima vida de quase um século”, como “teólogo, filósofo e humanista.”

D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, publicou uma nota de pesar pela morte arcebispo emérito de Luanda, agradecendo “todas as graças que foram derramadas por meio do seu trabalho incansável pela Igreja e de serviço à sociedade”

“Soube encarnar o amor a Deus que leva ao serviço simples e humilde aos irmãos. É particularmente assinalável a forma como soube olhar o futuro e empenhar-se na preparação das novas gerações, para a construção de uma sociedade mais justa e promotora da dignidade humana”, escreve o responsável católico.

Em 2010, o então presidente da República Portuguesa Aníbal Cavaco Silva condecorou o cardeal angolano com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, distinguindo o papel de D. Alexandre do Nascimento na reconciliação nacional e no apoio aos mais desfavorecidos, em Angola.