Continente africano está a dividir-se em dois
Os indícios de que a África vai ver parte do seu território tornar-se num pequeno continente autónomo são cada vez mais notórios, defendem investigadores e geólogos. A comunidade científica acredita que, dentro de 5 a 10 milhões de anos, África não será um continente, mas dois.
De acordo com Lucia Perez Diaz, investigadora de pós-doutoramento do Grupo de Investigação das Dinâmicas das Falhas Tectónicas, da Faculdade Royal Holloway da Universidade de Londres, num artigo publicado este sábado pelo Daily Mail, tal como aconteceu há 138 milhões de anos entre os continentes americano e africano, também a placa leste africana deverá acabar por se separar.
As placas tectónicas são elementos rochosos de formato irregular que avançam, deslizam, comprimem-se, mas sobretudo separam-se, e que em África foram dando origem, ao longo de milhões de anos, ao que hoje se conhece como Mar Vermelho e ao Golfo de Aden. A “placa Árabe”, como é conhecida a que fica no topo do vértice, afastou a região da Arábia, onde hoje fica o Iémen, de solo africano, na zona do Djibuti, dividindo aí os dois continentes.
As outras duas placas que formam este triângulo no leste de África são a “placa Núbia” e a “placa Somali”, e também elas estão a ficar cada vez mais distantes.
As discussões entre os cientistas sobre a forma como o continente africano se está a dividir reavivaram-se em 2019, depois de ter aparecido no Quénia uma gigantesca fissura, que rasgou a meio um vale e cortou uma estrada importante da região do Narok, no oeste do país.
As dimensões da fissura foram na altura estimadas em vários quilómetros de comprimento, cerca de 15 metros de profundidade e mais de 20 de largura.
A maior parte do trabalho científico é feito a partir de satélite e do apoio de instrumentos de GPS, que permitem identificar e medir de forma mais precisa o comportamento do solo. Uma das grandes dúvidas que ainda permanecem é mesmo o que está a causar a divisão, ainda que a forte atividade vulcânica na região possa explicar parte. Um desses vulcões é o Erta Ale, que tem estado em constante erupção há mais de meio século.
Dentro de 10 milhões de anos, quatro países do Corno de África – a Somalia, metade da Etiópia, o Quénia e a Tanzania, além de uma parte de Moçambique – irão inexoravelmente separar-se do resto do continente africano e formar um novo continente.