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Angola defende a criação de indústrias nos países africanos

O ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, defendeu, terça-feira, dia 07, em Naioribi, Quénia, que os países africanos devem procurar criar as suas próprias indústrias que sejam capazes de produzir fertilizantes de acordo com as características climáticas, dos solos e ambiente para o desenvolvimento da agricultura.

Segundo o Jornal de Angola António de Assis discursava na abertura da Cimeira Especial sobre Fertilizantes e Saúde dos Solos em África, em representação do Chefe de Estado angolano, João Lourenço.

A Cimeira, subordinada ao tema “Ouvir a Terra”, é organizada pela União Africana e traduz-se numa plataforma de abordagem das soluções tendentes a melhorar a fertilidade, produtividade e a saúde dos solos, no sentido de promover o crescimento económico africano com base numa agricultura resiliente aos impactos das alterações climáticas.

Chefiada pelo ministro António de Assis, a delegação angolana é integrada pelos embaixadores no Quénia, Sianga Abílio, e na Etiópia, Miguel Bembe, além de altos funcionários do Ministério da Agricultura e Florestas.

Dependência de importação

Apesar do continente produzir cerca de 30 milhões de toneladas métricas de fertilizantes minerais por ano, muitos países africanos continuam a depender fortemente das importações, o que os torna vulneráveis aos choques do mercado, afirmou, em Nairobi, Quénia, a comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável.

Josefa Sacko fez a afirmação na abertura da Cimeira Especial sobre Fertilizantes e Saúde dos Solos em África, na qual o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, é representado pelo ministro da Agricultura e Florestas, António de Assis.

Segundo a comissária da União Africana (UA), o consumo de fertilizantes em África só aumentou de 8 quilogramas para menos de 25 quilogramas por hectar desde 2006, muito abaixo do objectivo de 50 kg/hectare.

De acordo com a diplomata angolana ao serviço da UA, dados compilados para 53 países em África referem que o consumo de fertilizantes (quilogramas por hectare de terra arável) varia entre 0,03 no Sudão, 1,04 na Somália, 542,47 nas Ilhas Seychelles e 542,57 na República Árabe do Egipto, o valor mais elevado registado por um país africano.

“Infelizmente, 22 países africanos registaram um consumo de fertilizantes inferior a menos de 10 quilogramas por hectare”, lamentou Josefa Sacko, que apontou, em comparação, alguns países que atingiram a suficiência alimentar, como a China, com 274,8 quilogramas por hectare, Alemanha (130 kg/hectare) e Canadá (126,1kg/hectare).

A comissária da UA salientou que, apesar dos múltiplos esforços, África está aquém dos objectivos da Declaração de Abuja de 2006 e a actual crise Rússia/Ucrânia, devido à dependência de vários países africanos de cereais e fertilizantes provenientes destes dois países, revelou a grande lacuna que o continente atravessa.

“Estamos perante um dilema: temos a necessidade urgente de construir a soberania alimentar em África, aumentando a produtividade com o objectivo de alimentar 2,4 mil milhões de pessoas até 2050”, alertou.

A Cimeira, que encerra amanhã, vai avaliar o estado da saúde dos solos em África e, ao mesmo tempo, analisar os progressos realizados desde a Declaração de Abuja de 2006, que tinha como objectivo aumentar a utilização de fertilizantes para o crescimento agrícola.

O tema do evento, “Ouvir a Terra”, procura explorar a actual condição dos solos de África com a mentalidade de que existem múltiplas soluções – incluindo fertilizantes – que devem ser implementadas rapidamente para evitar o agravamento da segurança alimentar e nutricional em África.

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