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Presidente tunisino marca eleições para Outubro, mas não diz se é candidato

As eleições presidenciais na Tunísia terão lugar a 6 de Outubro de 2024, anunciou na terça-feira, 2 de Julho, o chefe de Estado, Kaïs Saïed, no poder desde 2019 e cujo mandato de cinco anos termina no Outono.

Kaïs Saïed, de 66 anos, a quem foram atribuídos plenos poderes a 25 de Julho de 2021, na jovem democracia tunisina nascida da primeira revolta da “primavera Árabe”, não anunciou se vai concorrer a um novo mandato.

“O Presidente da República emitiu um decreto hoje [ontem], 2 de julho de 2024, convocando os eleitores para as eleições presidenciais de domingo, 6 de Outubro de 2024”, anunciou a Presidência em comunicado, citado pela Agência France Press (AFP).

Os principais opositores do regime estão presos, desde a Primavera de 2023, incluindo o líder do partido islâmico conservador Ennahda, Rached Ghannouchi, e o presidente do Partido do Destino Livre, Abir Moussi, nostálgico das ditaduras do herói da independência Habib Bourguiba e de Zine El-Abidine Ben Ali, o ditador derrubado em Janeiro de 2011, iniciando a chamada “Primavera Árabe”.

Grave crise política e de autoritarismo

Desde que chamou a sai todos os poderes, Kaïs Saïed governa o país por decreto. Nos últimos meses, ordenou por diversas vezes a demissão de vários ministros e altos funcionários públicos.

Desde Fevereiro, cerca de vinte opositores e figuras proeminentes foram detidos e “acusados de conspiração contra a segurança do Estado”, tendo o Presidente descrito esses opositores como “terroristas”. As ONG, incluindo a Amnistia Internacional, denunciaram “uma caça às bruxas com motivações políticas”.

O Ennahda, o pesadelo de Saïed, dominou as coligações nos dez anos que se seguiram à revolução democrática de 2011 contra a ditadura de Ben Ali.

A grave crise política que a Tunísia atravessa desde o golpe de força de Julho de 2021 é agravada por sérias dificuldades económicas, com um crescimento lento da economia (cerca de 2%), uma taxa de pobreza crescente e um desemprego muito elevado (15% da população activa).

Recorde-se que, juntamente com a Líbia, a Tunísia é um dos principais pontos de partida dos migrantes que se arriscam em perigosas viagens pelo Mediterrâneo na esperança de chegar à Europa. Desde um discurso xenófobo de Saïed, em Fevereiro de 2023, milhares de subsarianos em situação irregular na Tunísia perderam as suas casas e os seus empregos, na sua maioria informais.

Em Maio, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou a “intimidação e o perseguição” de que são vítimas os advogados e os meios de comunicação social tunisinos que criticam o governo e as suas políticas de migração.

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