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União dos Escritores Angolanos homenageia Maria Eugénia Neto

A União dos Escritores Angolanos (UEA) realizou, sábado, na sua sede, um encontro designado “Tarde de leituras de textos infanto-juvenis”, no qual homenageou todos as principais referências da literatura infantil angolana, com destaque para Maria Eugénia Neto, segundo o Jornal de Angola.

Maria Eugénia Neto foi a primeira escritora angolana a ganhar reconhecimento internacional pela obra “E nas florestas os bichos falaram”. A actividade, enquadrada nas festividades do Dia Internacional da Literatura Infantil, celebrado ontem, foi realizada em parceria com a TV Zimbo e contou com a presença de vários escritores angolanos que se têm destacado na literatura infantil.

Presidido pelos escritores David Capelenguela, Celestina Fernandes, Lopito Feijóo e Maria Eugénia Neto, na actividade foram, igualmente, homenageados Marta Santos, Yola Castro, Domingas Monte, Kanguimbo Ananás, Codigime, António Quino e Rosa Lopez. A “Tarde de leituras de textos infanto-juvenis” contou com a presença de crianças, que tiveram contacto com diversos textos da autoria dos vários escritores angolanos presentes, que leram as suas obras.

No final, os escritores presentes receberam um brinde e a primeira foi Maria Eugénia Neto, que recebeu das mãos do escritor Lopito Feijóo uma sacola contendo dois livros. As crianças também foram agraciadas pela organização do encontro com alguns livros infantis, de forma a ganharem hábitos de leitura. A actividade contou também com um momento musical, que ficou a cargo do Duo Canhoto, que interpretou alguns temas do seu vasto reportório.

Valorização da literatura infantil

A escritora Yola Castro lamentou, à margem da actividade, a pouca valorização da literatura infantil na sociedade angolana.

Yola Castro, que falava à saída do encontro, afirmou que a literatura infantil em Angola tem sido cada vez mais negligenciada, principalmente pelas famílias e pelas instituições de ensino.

“Numa sociedade vasta como a nossa, é triste quando nos deparamos com um cenário desses, porque o livro, principalmente o infantil, é a vela que precisa ser acendida no interior de cada um de nós, porque todos nascemos com uma certa escuridão interna, e a leitura tem a capacidade de tornar o nosso ser iluminado, só o livro pode fazer com que essa luz se acenda dentro de nós, então, se tivermos a oportunidade de oferecer sempre livros às crianças e incentiva-las a ler, de certeza que teremos crianças mais iluminadas”, afirmou.

Para os encarregados de educação que não têm capacidade financeira de comprar livros para os filhos, a escritora aconselhou a investir no hábito de contar histórias aos meninos. “Depois do conto, conversa com a criança e explica-lhe a mensagem da história e podem se aplicar na vida real”.

“Actualmente, temos estado a assistir a uma vaga de violência física e verbal nas escolas e nas comunidades, e eu costumo a dizer que há aí em falta algo, a família esta a falhar gravemente porque os pais não têm cumprido o seu real papel na sociedade. Devemos ter o cuidado de como pais, saber como anda o nosso filho, porque na formação da nossa personalidade trazemos conflitos internos, e se esses conflitos não forem bem resolvidos na infância poderemos tornar-nos em adultos violentos, o que compromete a sociedade angolana”, disse a escritora.

A escritora Domingas Monte enalteceu a iniciativa da pela União dos Escritores Angolanos, em parceria com a TV Zimbo, tendo manifestado gratidão pela homenagem prestada aos escritores e o momento de leitura para as crianças.

“Isso é importante, porque encoraja e dá forças para continuarmos a trabalhar, e trazer produtos no mercado com maior qualidade, escrever para crianças não é fácil, exige uma abordagem que deve se adequar a elas, a descrição do texto também é de outra forma, e por esse processo ser muito sensível, é uma mais valia termos eventos desse género, onde os escritores são homenageados e podem então dar a sua continuidade na escrita”, disse.

Para a escritora, o encontro foi também uma forma de promover a literatura para aquele que é o seu verdadeiro público, às crianças.

“É uma forma de divulgar a literatura infantil, e fazer com que o seu público alvo, que são as crianças, tenham acesso a esses livros. Aqui hoje estiveram não apenas os adultos, mas também as crianças porque a literatura tratada aqui hoje é direccionada as crianças, então tivemos aqui pequenos que acabaram por assistir e conviver com os escritores”, concluiu.

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