
Quase 60 mil deslocados em duas semanas em Cabo Delgado
A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado, extremo norte de Moçambique, provocou 58.116 deslocados em pouco mais de duas semanas, segundo estimativa divulgada esta terça-feira, dia 27, pela Organização Internacional das Migrações (OIM).
Em causa, segundo o boletim semanal daquela agência intergovernamental, estão ataques ocorridos entre 8 e 25 de Fevereiro sobretudo nos distritos de Chiúre e Macomia, respetivamente com 54.534 e 2.626 deslocados naquele período, mas sobretudo crianças (35.295).
“Os ataques e o receio de ataques por parte de grupos armados”, descreve a OIM, verificou-se sobretudo em Ocua, Mazeze e Chiúre-Velho, no distrito de Chiúre, com os deslocados a fugirem para a vila de Chiúre (15.354) ou para Eráti, na vizinha província de Nampula (33.218).
Os registos da OIM apontam para 11.901 famílias deslocadas, por barco, autocarro ou a pé, em pouco mais de duas semanas de Fevereiro no sul da província de Cabo Delgado.
No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de Dezembro de 2023 e 25 de Fevereiro de 2024, “ataques esporádicos e medo de ataques de grupos armados” em Macomia, Chiúre, Mecufi, Mocímboa da Praia e Muidumbe já levaram à fuga de 15.470 famílias, num total de 71.681 pessoas.
Poderá haver infiltrado entre os deslocados
De acordo com a Agência Lusa, a polícia moçambicana está a “filtrar” o movimento de deslocados provocado pela nova vaga de ataques terroristas dos últimos dias, sobretudo no distrito de Chiúre, onde poderão estar dissimulados alguns insurgentes nesses grupos.
“Estamos a trabalhar com as comunidades, tendo em conta que temos de filtrar para poder perceber se neste grupo de regressados no distrito de Chiúre se encontram lá alguns infiltrados, alguns que podem estar associados ao terrorismo”, disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Cabo Delgado, Aniceto Magome.
Vários ataques terroristas no sul de Cabo Delgado provocaram mortos entre a população nas últimas duas semanas em aldeias do distrito de Chiúre, levando à fuga de pelo menos 13.000 pessoas só para a vila de Chiúre, concentrados em campos de reassentamento instalados em três escolas, mas também em casas de familiares, segundo fonte da autarquia local.
“A província de Cabo Delgado, neste momento, encontra-se numa situação relativamente calma e falando concretamente do distrito de Chiúre devo dizer que a situação já se encontra controlada, as Forças de Defesa e Segurança encontram-se no terreno”, disse Aniceto Magome, em declarações à Lusa em Pemba, capital da província, no norte de Moçambique.