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País tem potencial para liderar a produção de sal em África

Angola pode atingir uma produção de 500 mil toneladas por ano e passar a liderar a produção de sal em África, mercê do potencial disponível e dos incentivos concedidos pelo Governo, declarou, quinta-feira, em Benguela, o ministro da Economia e Planeamento, no início de um programa de deslocações a empreendimentos financiados por fundos públicos.

Mário Caetano João proferiu estas declarações nas visitas efectuadas às Salinas de Calombolo, onde são produzidas 250 mil toneladas, o que representa 80 % da produção angolana, e da Tchikambi, essa última, em implantação na Chamume, Baia Farta, depois de ter recebido um financiamento do Banco de Desenvolvimento Angola (BDA).

Os salineiros não estão a encontrar constrangimentos, propriamente, no sistema financeiro, mas mais no acesso ao mercado, algo que também está a ser superado com os volumes de oferta crescentes que fazem com que o país figure entre os cinco maiores produtores do continente.

“Decididamente, temos sal em abundância. Estamos entre os cinco maiores produtores de sal de África e, pelo que eu vi estar a ser feito na Cidade do Sal, na Chamume, há condições para que, eventualmente, possamos estar nos lugares cimeiros, entre o primeiro ou segundo lugar” no continente.

Os números apresentados pelo ministro da Economia e Planeamento para sustentar a previsão indicam que a Namíbia produz cerca de 400 mil toneladas, mas estas quantidades podem vir a ser superadas de forma sistémica, pela Salinas Calombolo, onde são produzidas mais de 250 mil toneladas, com a perspectiva de duplicar a produção.

As Salinas de Calombolo, considerou, estão a tornar-se sistémicas na produção e  fomento, do que resultam as de Tchikambi, que nasceram de um processo de apoio à assistência de Calombolo. As duas companhias empregam três mil trabalhadores, estando ainda a recrutar pessoal.

Novas técnicas, expansão das áreas de produção em curso e a electrificação, aliadas ao potencial natural e ao investimento, contam-se entre os factores que levam às projecções apresentadas pelo ministro.

Produto transversal

O ministro da Economia e Planeamento afirmou que o país, em geral, e Benguela, em particular, ganham com o aumento da produção do sal, por ser um produto transversal com usos múltiplos, tanto na alimentação, quanto na saúde, como na produção de farmacêuticos e na indústria petrolífera.

A indústria transformadora, principalmente da agroindústria, consome sal, além do processo da transformação de pescado pelas cooperativas envolvidas na salga de peixe.

“O sal é um produto de tal forma sistémico, que, no passado, era comparado ao ouro, porque era a única forma de conservar os produtos”, disse, lembrando que, quando ainda não havia electricidade para conservar alimentos, o sal é que dava  longevidade à  produção.

Indicou que a indústria petrolífera também já usa o sal, principalmente no  processo de extracção, com o rtegisto de fornecimentos crescentes das salinas angolanas.

Mas o ministro destacou que Benguela, em particular, já tem uma vocação exportadora.  “Grande parte do nosso sal tem estado a cruzar as fronteiras e a entrar noutros mercados, principalmente no Congo Democrático, que é um dos maiores consumidores do nosso sal”, afirmou.

O ministro disse que o PRODESI como um mecanismos de promoção do sal e da produção nacional num todo, nos grandes mercados internacionais: além da dimensão financiamento tem-se a dimensão de acesso ao mercado interno e externo.

“Fizemos um périplo pela Europa, onde fomos buscar investidores, mas, também, fizemos, recentemente, um périplo pela República Democrática do Congo, onde a nossa abordagem foi mais de acesso ao mercado”, indicou Mário Caetano João, apontando aquele país um dos maiores parceiros dos 54 produtos do PRODESI.

Projectos financiados por fundos públicos em avaliação instrumentos de iniciativa institucional

O ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, iniciou, ontem, em Benguela, deslocações de avaliação a projectos de parceria público-privada do país que beneficiaram, nos últimos anos, de financiamento de iniciativa governamental, anunciou, ontem, em Luanda, o director nacional de Planeamento, Álvaro Bento.

As visitas são realizadas para avaliar o grau de execução física e financeira dos projectos que beneficiaram de financiamento dos programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI ) e de Apoio ao Crédito (PAC), relativos ao Aviso 10 do Banco Nacional de Angola ( BNA),  Medidas de Alívio Económico, Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário( FADA) e outros instrumentos financeiros.

Mário Caetano João lidera delegações integradas por representantes ministeriais e de instituições financeiras afectos aos programas, devendo, na primeira fase, deslocar-se ao Huambo e Bié, além de Benguela, estando em curso, nesta última, entre 15 e 20 projectos financiados para elevar a produção nacional ao abrigo de iniciativas institucionais.

Dados disponíveis indicam que, no âmbito do PRODESI, de 2019 ao primeiro trimestre de 2023 foram aprovados 4.795 créditos, correspondentes a 1,4 biliões de kwanzas, tendo sido desembolsado um bilião de kwanzas a favor de 3.950 projectos.

Por intermédio dos instrumentos financeiros, o PAC reestruturado deu lugar à  aprovação de 1.923 projectos, avaliados em 76 mil milhões de kwanzas, com desembolsos de 1.439 projectos, no valor de 59 mil milhões.

Na sua forma inicial, o PAC atingiu um máximo de 22 projectos aprovados, por 73 mil milhões de kwanzas, com desembolsos de 72 mil milhões a favor de 16, enquanto com as medidas de Alívio Económico foram aprovados 523 projectos, avaliados em 43 mil milhões de kwanzas , com 518 desembolsos cifrados em 42 mil milhões.

O FADA levou à aprovação de 1.670 projectos avaliados em 13 mil milhões de kwanzas,  com crédito concedido a 1.340  projectos, num montante de nove mil milhões de kwanzas, ao passo que ao abrigo do Aviso nº10 do BNA 643 projectos avaliados em mais de nove mil milhões de kwanzas, com igual número de desembolos, avaliados em 875 mil milhões.

Com a avaliação, disse Álvaro Pedro, o Ministério da Economia e Planeamento pretende obter indicadores de execução física e financeira e mensurar os resultados económicos e financeiros a fim de aferir o impacto socioeconómico da  implementação, bem como e recolha de informações sobre a caracterização da indústria local.

Identificar as potencialidades regionais, infra-estruturais e territoriais de apoio à produção, proceder ao levantamento de projectos de investimento que podem ser financiados na modalidade de parcerias público-privadas e melhorar a articulação com os Governos Províncias para garantir previsibilidade no calendário da realização das feiras locais são aspectos a cumprir na agenda da delegação.

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