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Já ascendem a 700 mil os refugiados internos sudaneses

O número de deslocados no Sudão devido aos combates entre facções militares rivais mais do que duplicou na última semana, atingindo cerca de 700.000, de acordo com uma fonte da ONU. O aumento do número de deslocados faz aumentar os receios de uma escalada da violência, apesar das conversações de cessar-fogo que estão a decorrer na Arábia Saudita.

Os ataques aéreos e os combates terrestres prosseguem na capital, Cartum. Bairros inteiros estão a ficar vazios à medida que os residentes fogem das suas casas. Cartum tinha uma população de 5,4 milhões de habitantes, mas a cidade, outrora pacífica, está a ser devastada pelo conflito que eclodiu a 15 de Abril.

Uma residente, citada pela BBC, afirmou que voltou a ouvir tiros vindos de várias direcções, e o som distante de ataques aéreos. Outras testemunhas adiantaram que os caças militares estavam a sobrevoar todo o sul de Cartum, estando a decorrer combates pesados no bairro de classe média al-Sahafa, não muito longe do aeroporto internacional, que está encerrado. Foram também registados combates intensos em duas cidades adjacentes a Cartum – Bahri e Omdurman – e na região ocidental de Darfur.

“Muitos deslocados internos estão a refugiar-se junto de familiares, enquanto outros se estão a reunir em escolas, mesquitas e edifícios públicos”, disse Paul Dillon, porta-voz da Organização Internacional para as Migrações da ONU. A mesma fonte disse que as pessoas estavam a ficar sem dinheiro e sem bens básicos como o combustível. “As caixas de ATM não estão a funcionar e o sistema bancário não está a funcionar. O combustível é difícil de encontrar e caro”, acrescentou.

Na semana passada, a ONU afirmou que cerca de 100.000 pessoas tinham fugido para os Estados vizinhos e que o número poderia atingir mais de 800.000 se os combates não cessassem. Representantes do exército e das Forças de Apoio Rápido (RFS, sigla em inglês) têm estado a manter as suas primeiras conversações frente a frente na cidade saudita de Jeddah, numa tentativa de negociar um cessar-fogo. Em declarações à Al-Qahera News, sediada no Egipto, o general Burhan afirmou que era necessário que um “cessar-fogo permanente” entrasse em vigor em Cartum antes de se poder negociar um acordo político com o RSF. “Podemos discutir um acordo depois de alcançarmos um cessar-fogo permanente em Cartum”, disse.

As RSF controlam grande parte da capital e os ataques aéreos dos militares têm por objectivo enfraquecer as suas posições e impedir a obtenção de reforços.

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