George Weah concorre a um segundo mandato
O Presidente liberiano e ex-astro internacional do futebol, George Weah, anunciou segunda-feira que concorre a um segundo mandato em Outubro, rejeitando as críticas crescentes de que está fora de contacto com uma população que enfrenta fortes aumentos de preços e escassez de alimentos.
“Meus concidadãos, irei procurá-los em breve para pedir que renovem pela segunda vez o mandato que vocês me deram há seis anos”, disse Weah no seu discurso anual sobre o Estado da Nação, citado pela Reuters.
Weah prometeu “um mandato de oportunidade, de transformação e de desenvolvimento”. Ele também defendeu o seu primeiro mandato, dizendo: “Deixem-me assegurar-lhes que o Estado da nossa Nação é forte. O Estado da nossa Nação é estável. O Estado da nossa Nação é pacífico e seguro. Pretendemos mantê-lo assim”.
A eleição está marcada para 10 de Outubro num país que ainda se está a recuperar de guerras civis consecutivas entre 1989 e 2003, que mataram cerca de 250 mil pessoas. A Libéria também foi devastada por uma pandemia de Ébola e a nação de cinco milhões de pessoas, uma das mais pobres do mundo, foi duramente atingida pelas consequências da invasão russa da Ucrânia. Cerca de metade da sua população vive com menos de 1,90 dólares por dia, segundo dados do Banco Mundial.
Weah chegou ao poder em 2018, depois de vencer as eleições de Outubro de 2017, capitalizando o seu estatuto de ícone adquirido depois de se tornar o primeiro e único africano a ganhar o prémio individual de maior prestígio do futebol, a Bola de Ouro, em 1995.
O jogador, de 56 anos, esteve ausente da Libéria por mais de um mês no final do ano passado, gerando críticas. Ele foi para o exterior no final de Outubro, para participar numa série de reuniões políticas em vários países e para assistir ao seu filho, jogador de futebol, representar os Estados Unidos na Taça do Mundo no Qatar. Weah compartilhou fotos e vídeos de si mesmo com o filho no Qatar. Mas, as imagens de Weah divertindo-se nas arquibancadas no Qatar onde ele foi um “convidado de honra” – não caiu bem, com muitos compatriotas a expressar críticas nas redes sociais.
Oposição condena a estratégia de continuidade
A oposição denunciou, na altura, o que considerou uma viagem global do Presidente entre o Qatar e as cúpulas internacionais em Marrocos, Egipto, França, Mónaco e Estados Unidos, com o ex-Vice-Presidente Joseph Boakai a dizer que a Libéria estava em “piloto automático”.
“Continuamos a testemunhar outros actos de má liderança, comportamento irresponsável, falta de preocupação, impunidade e uso indevido das nossas finanças”, disse o líder do Partido Unity, o principal da oposição, sugerindo que outros poderiam ter representado o país no lugar de Weah. Até ao dia 8 de Dezembro, o Presidente não foi visto na sua terra natal, onde as pessoas lutam contra a alta dos preços e a escassez de produtos básicos.
Combater a corrupção foi uma das principais promessas de campanha de Weah, mas em Setembro aceitou a renúncia de três aliados depois que os Estados Unidos os acusaram de corrupção. Weah, inicialmente, suspendeu esses colaboradores das suas funções, depois que Washington lhes impôs sanções por alegações relacionadas com contratos multimilionários e, pelo menos, 1,5 milhão de dólares em fundos públicos desviados. Fundada como colónia em 1822 por ex-escravos americanos, a Libéria tornou-se uma República 25 anos depois – a primeira em África.