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Angola recebeu 13,9 milhões USD dos emigrantes mas saíram remessas de 1.039 milhões

As condições macroeconómicas e a falta de instrumentos financeiros atractivos ou alternativos ao investimento são algumas das causas da crescente saída de remessas do País. Por outro lado, a diáspora angolana parece não ter interesse em regressar ao País e guarda o seu dinheiro lá fora.

Os angolanos a trabalhar no estrangeiro enviaram 13,9 milhões USD para Angola em 2022, ao passo que as remessas dos imigrantes a trabalhar em Angola e as transferências pessoais dos angolanos para fora chegaram aos 1.039 milhões USD, segundo cálculos do Semanário Expansão com base nos relatórios trimestrais sobre as remessas e outras transferências pessoais do Banco Nacional de Angola (BNA).

As remessas são entendidas como a quantidade de dinheiro enviada por imigrantes para os seus países de origem. Nos países em desenvolvimento, as remessas representam uma soma considerável, o que as tornam a segunda fonte de financiamento destes países, ficando somente atrás dos investimentos diretos do estrangeiro.

Contas feitas, em 2022 entraram como forma de remessas e transferências pessoais em Angola apenas mais um milhão de dólares quando comparado com as remessas contabilizadas em 2021, o que representa um crescimento de 10% (de 12,6 para 13,9 milhões de dólares). Em contrapartida, saíram do país mais 414,4 milhões de dólares em remessas para o estrangeiro, um crescimento de 66%, de 624, 9 milhões para 1.039 milhões de dólares, quando comparado com o ano de 2021.

O que Angola recebeu dos seus emigrantes na diáspora vale apenas 1% das remessas que os expatriados enviam para os seus países de origem.

Assim, o saldo das remessas e outras transferências pessoais registou um défice de 1.025 milhões de dólares em 2022, à semelhança dos períodos anteriores, quase na mesma proporção das remessas enviadas para o resto do mundo, uma vez que as remessas recebidas do exterior continuam a registar valores muito baixos.

Grande parte foi para Portugal, Vietname e China 

Com um peso de 54% no total das remessas envidas para o exterior, Portugal é o principal destino das remessas e outras transferências pessoais saídas do País. O valor inclui as remessas de trabalhadores portugueses em Angola e de angolanos que têm família em Portugal ou que se encontram a estudar naquele país europeu. Em sentido contrário, no ano passado os angolanos a trabalhar em Portugal enviaram para Angola apenas 2,51 milhões de dólares, ao passo que os portugueses que trabalham cá transferiram mais de 560 milhões de dólares para as terras lusas.

Também sai cada vez mais dinheiro de Angola para o Vietname e a China. Estes países asiáticos detêm cerca de 32% das remessas dos imigrantes que vivem em Angola. Os vietnamitas tiraram de Angola 185 milhões de dólares, já os chineses cerca de 146 milhões de dólares, em remessas.

Assim, o “top five” dos principais destinos das remessas dos imigrantes é constituído por Portugal, Vietname, China, Brasil e Estados Unidos da América (EUA).

Além de Portugal que é a grande fonte das remessas dos angolanos na diáspora (18%), Angola recebe também grande parte das remessas dos EUA, França, Reino Unido e Brasil, que fazem o top 5 das origens das remessas dos angolanos.

“Economia anda a saque a olho de todos” 

Para o economista e docente Wilson Chimoco, “a economia angolana anda a saque, a olho de todos”, apontando que as empresas estrangeiras, os expatriados e a elite económica do País não têm interesse nem incentivos para aplicar as suas poupanças na economia angolana.

“Apenas isso justifica a saída destes recursos que muito fazem falta ao País. E contrariamente, os investimentos estrangeiros em Angola em que há os dividendos, juros e salários são enviados para os seus países de origem, enquanto os investimentos de angolanos lá fora, em termos de dividendo e lucros, ficam mesmo lá. É uma realidade desafiante, pois prejudica a estabilidade do país”, afirma o economista.

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