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Vice-Presidente reafirma aumento de 30% de mulheres na Investigação Científica até 2027

A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, reafirmou, quarta-feira, o desafio do Governo angolano de aumentar, para 30 por cento, até ao ano 2027, a taxa de mulheres na investigação científica.

Esperança da Costa, que discursava na abertura do Fórum de Diálogo “Mulheres na Ciência em Angola”, lembrou que o desafio consta na Política Nacional para Igualdade e Equidade de Género, que aponta, entre os constrangimentos a combater, o fraco acesso à investigação científica por parte das mulheres.

Ao discursar no encontro em que também estiveram presentes as ministras da Educação, Luísa Grilo, do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria Bragança; além de deputados, representantes de ONG e estudantes universitários, Esperança da Costa lembrou ainda que a promoção da igualdade de género está plasmada na Constituição da República como uma das tarefas fundamentais do Estado.

Sobre o “Fórum Mulheres e Jovens Mulheres na Ciência em Angola”, a Vice-Presidente da República disse constituir um marco importante na jornada de celebração do Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, assinalado a 11 do mês de Fevereiro. O encontro, acrescentou, é, também, um espaço de diálogo para se aprofundar ainda mais este tema, analisar os progressos alcançados e as barreiras que ainda persistem, mas sempre com foco e determinação para a implementação de medidas e políticas que reforcem a participação de jovens e mulheres na Ciência.

“Queremos também, neste Março-Mulher e com este evento, chamar a atenção para o papel da ciência como um meio de empoderamento da mulher, tendo como base a educação e o ensino”, sublinhou. Para Esperança da Costa, este dia constitui uma oportunidade para promover, de forma plena e igualitária, o acesso à ciência e à participação de mulheres e meninas nesta área, apoiar as jovens meninas na formação e no desenvolvimento de habilidades, de modo a que as suas ideias sejam ouvidas e impulsionem o desenvolvimento, harmonia e a paz.

Nisto, realçou, o Executivo tem desenvolvido igualmente acções para empoderar jovens mulheres para a Ciência, tendo destacado, a propósito, o Projecto de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia e Inovação. Com efeito, defendeu que 55 por cento das bolsas para pós-graduação e dos financiamentos para o desenvolvimento de projectos de investigação científica têm de ser alocados a mulheres, partindo do pressuposto que cumprem com os critérios de candidatura.

A Vice-Presidente da República disse que reflectir sobre a mulher e a ciência implica, necessariamente, contextualizar a formação académica graduada e pós-graduada, sobretudo o doutoramento, por se tratar de um grau que requer maior aplicação na busca de conhecimento mais especializado.

A este propósito, Esperança da Costa recordou que a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência e Cultura) publicou, em Março e Maio do ano passado, dois relatórios sobre igualdade de género no ensino superior. O estudo feito a nível global mostra que, actualmente, as jovens mulheres superam os estudantes (homens), apesar de existir menos mulheres em disciplinas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) em todo o mundo.

Por outro lado, salientou, as universidades também estão mais focadas em medir o acesso das mulheres no ensino superior do que em investigar sobre os seus resultados e taxas de sucesso, enquanto estas permanecem sub-representadas em cargos seniores e entre os autores académicos publicados.

Baixa percentagem de mulheres na pós-graduação

Engrácia da Costa recordou que a baixa percentagem de mulheres em pós-graduação no país (24%) motivou a realização de um “Estudo Diagnóstico sobre a inclusão e acesso à formação pós-graduada no género e aos grupos vulneráveis em Angola”, desenvolvido em 2021 e 2022, no âmbito do Programa de Apoio ao Ensino Superior -UNI.AO.

O estudo desenvolvido através do programa de co-operação, numa parceria entre a União Europeia e o Governo angolano, teve como objectivo geral “compreender os obstáculos internos e externos, para melhor inclusão social dos grupos vulneráveis ao nível da pós-graduação e a progressão na carreira docente.

No referido estudo, ficou demonstrado que dos vários constrangimentos identificados pelas mulheres no prosseguimento dos estudos, destacam-se, além de questões financeiras e logísticas, barreiras que assentam em factores sócio-culturais e institucionais.

No entanto, as estatísticas demonstram que a nível da pós-graduação há um grande decréscimo da participação das mulheres, que representam apenas 24% dos discentes neste nível de formação.

Constata-se também que, apesar do avanço registado com o aumento da frequência da mulher no ensino superior, este avanço não se traduz, necessariamente, numa maior presença da mulher na investigação científica.

  Atropelo aos direitos humanos fundamentais

A Vice-Presidente da República disse que a disparidade de género nas diferentes vertentes, apesar das mulheres e meninas representarem  metade da população mundial, constitui um “atropelo aos direitos humanos fundamentais”.

Esperança da Costa disse ser, igualmente, um “grande desperdício” do potencial humano e “sério obstáculo” para o cumprimento dos desígnios das agendas internacionais e do desenvolvimento.

Durante o fórum, decorrido na Tenda da Marginal de Luanda, a Vice-Presidente destacou o facto de o evento juntar duas importantes datas: o dia 11 de Fevereiro, em que se comemorou o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, bem como o início do mês dedicado à Mulher.

Para Esperança da Costa, a comemoração do dia 11 de Fevereiro, que neste ano se concentrou no papel das Mulheres e Meninas e da Ciência, no âmbito dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da agenda 2030, subordinada ao tema “Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e meninas”, exige um compromisso maior da comunidade global.

Para o efeito, acrescentou, o momento é de acção e requer maior investimento para o desenvolvimento das meninas e das mulheres.

Ainda sobre o Fórum, Esperança da Costa disse que acontece na sequência da feira que teve lugar em Agosto do ano passado, sob o tema “Mulher na Ciência” e de iniciativa do Presidente João Lourenço, que tem prestado especial atenção ao papel das mulheres na ciência e investigação científica, enquanto catalisador de desenvolvimento.

O Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência é uma iniciativa lançada pela UNESCO em 2015, com o objectivo de fortalecer o compromisso global e quebrar as barreiras que ainda persistem para o alcance da igualdade de género na ciência.

Esperança da Costa disse que o Executivo pretende continuar a criar espaços de diálogo como este Fórum com as Jovens Mulheres na Ciência em Angola para galvanizar as instituições de ensino e de investigação, desenvolvimento e da sociedade civil, de modo a apoiar a formulação de melhores políticas que visam maior aproveitamento do potencial das meninas e das mulheres na ciência.

A Vice-Presidente da República reconheceu que as mulheres, em todo o mundo, desempenham, cada vez mais, um papel vital e decisivo no desenvolvimento social, económico e político, alcançando, com isto, grande sucesso e alterando, significativamente, a percepção do seu papel nas mais variadas vertentes do quotidiano.

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