Terrorismo no norte de Moçambique causa fuga de mais de 430 pessoas
Os ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, provocaram a fuga de mais de 430 pessoas entre 26 e 28 de Dezembro, segundo um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
De acordo com o documento da OIM, em causa estão ataques e “receio” de ataques destes grupos junto das populações de Mucojo e Pangane, distrito de Macomia, província de Cabo Delgado.
“Desencadearam 434 deslocações individuais. As famílias relatadas procuraram abrigo nas comunidades anfitriãs nos distritos de Macomia e Ibo”, refere-se no relatório, com informações recolhidas no terreno.
Aproximadamente 68 famílias, num total de 255 pessoas, chegaram à ilha do Matemo e “pretendem seguir para a ilha das Quirimbas nas próximas semanas”, entre as quais 157 menores.
“Devido às preocupações de segurança prevalecentes relatadas pelas famílias deslocadas, as intenções durante a sua estadia nas comunidades de acolhimento permanecem incertas”, relata igualmente a OIM.
São necessárias “decisões concretas sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em relação à sua acção no combate ao terrorismo em Cabo Delgado no período após a retirada das forças amigas da SAMIM [missão da SADC em Moçambique] e do Ruanda”, pediu o presidente Filipe Nyusi, na abertura do XXIV Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional.
“Para o efeito, a vossa reflexão deve igualmente avaliar a forma de melhor capitalizar o manancial de reservistas, empenhando-os direta ou indiretamente em várias missões em prol da defesa da soberania e integridade territorial do nosso país. E a realidade atual justifica”, acrescentou.
A cimeira da SADC aprovou, em Agosto passado, a prorrogação da missão em Cabo Delgado, por 12 meses, até Julho do próximo ano. Uma missão de avaliação propôs em Julho passado a retirada completa dos militares da SAMIM em Cabo Delgado até Julho de 2024, assinalando que a situação na província “está agora calma”, apesar de os riscos prevalecerem.
Além da SAMIM e das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Ruanda, estando estas a operar no perímetro da área de implantação dos projectos de gás natural da bacia do Rovuma.