Estamos juntos

Secretário-Geral da ONU diz que o “mundo não pode virar costas a África”

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu ontem, quinta-feira, dia 13, que o mundo “não pode virar as costas a África”, onde vive quase um quinto da população mundial. O dirigente pediu mais financiamento para o desenvolvimento, inovação e paz no continente, sublinhando que o seu potencial “é imenso”.

Durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque, António Guterres esteve acompanhado pelo presidente da Comissão da União Africana (UA), Mahmoud Ali Youssouf. O secretário-geral apontou três áreas em que é necessária uma acção decisiva, salientando a importância de recursos adequados, previsíveis e sustentáveis.

“Em primeiro lugar, temos de tornar África numa prioridade. Mas não podemos satisfazer as necessidades do continente sem recursos adequados, previsíveis e sustentáveis. Apelo novamente aos Estados-membros para que paguem na totalidade e atempadamente as suas contribuições regulares e para as operações de manutenção da paz”, declarou António Guterres.

O líder da ONU destacou que, apesar dos vastos recursos naturais de África, o progresso é travado por um sistema financeiro global “ultrapassado e injusto”. Para o dirigente, este sistema precisa de ser reformado de forma a servir melhor as necessidades dos países em desenvolvimento.

Necessária reforma da arquitectura financeira global

António Guterres insistiu na reforma da arquitectura financeira global, defendendo que esta deve reflectir o mundo actual. “Isto significa dar aos países vulneráveis uma participação mais significativa nas instituições financeiras globais, triplicar a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais de desenvolvimento e aliviar o peso da dívida com novos instrumentos para reduzir o custo do capital”, explicou.

O secretário-geral alertou ainda que África precisa de investimentos significativos para beneficiar da revolução da energia limpa, sublinhado que a energia solar e eólica são actualmente as fontes de energia mais baratas e que “nenhum continente tem mais sol ou vento do que África”.

O líder da ONU lamentou, contudo, a falta de fundos que impedem o continente de investir em energias renováveis à escala necessária. “Enquanto os investimentos em energia limpa fluem para os países desenvolvidos, África continua a enfrentar dificuldades em mobilizar financiamento suficiente”, observou.

“Temos de tornar África numa prioridade. (…) Mas não podemos satisfazer as necessidades do continente sem recursos adequados, previsíveis e sustentáveis.”

Por fim, Guterres destacou a importância de se investir na paz, referindo conflitos que continuam a devastar várias regiões africanas. Entre eles, mencionou as atrocidades no Sudão, o aumento da insegurança no Sahel e a “crise humanitária de proporções épicas” na República Democrática do Congo. “O mundo não pode virar as costas a África, onde vive quase um quinto da humanidade. O que está em causa é demasiado. E o potencial é imenso. Quero agradecer ao presidente Mahmoud Ali Youssouf e aguardo com expectativa uma cooperação ainda mais profunda no futuro”, concluiu António Guterres. As declarações foram proferidas no encerramento da 9.ª Conferência Anual ONU-UA, que decorreu em Nova Iorque e abordou temas como paz, segurança, desenvolvimento, direitos humanos e acção climática.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...