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Resolver o problema da falta de contraceptivos em Angola é urgente, diz responsável da UNFPA

A representante do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) em Angola defendeu ontem, quarta-feira, dia 5, a necessidade de se encontrar uma solução “imediata e de longo prazo” para o défice de contraceptivos que o país enfrenta.

Rinko Kinoshita falava na sessão de abertura do workshop sobre Planeamento Familiar e o Impacto das Alterações Climáticas na Saúde Sexual e Reprodutiva, em Luanda, promovido pela Assembleia Nacional de Angola.

Segundo a representante do UNFPA, a agência de desenvolvimento internacional da Organização das Nações Unidas em saúde reprodutiva e direitos, “Angola enfrenta um défice nos suprimentos dos contracetivos a nível nacional, devido a volatilidades no financiamento global para a saúde sexual reprodutiva e planeamento familiar.”

“Temos de procurar uma solução imediata e também de longo prazo, por isso estamos aqui hoje neste workshop”, afirmou Rinko Kinoshita, reiterando que o compromisso desta organização da ONU é fazer com que “toda mulher, rapariga e jovem possam decidir sobre o seu próprio corpo e o seu próprio futuro, e tenham acesso permanente à informação adequada e serviços de saúde sexual e reprodutiva, sem deixar ninguém para trás.”

De acordo com Rinko Kinoshita, os dados mais recentes do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde (IMS), de 2023/2024, demonstram progressos importantes, mas também os desafios, porque apenas 15% de mulheres casadas ou em comunhão usam métodos contracetivos modernos, mas nas zonas rurais esse número desce para 8% e entre as adolescentes para 6%.

“Apesar dos avanços, o país ainda regista uma das taxas de fecundidade mais elevadas da África Austral, com 4.8 filhos por mulher, uma redução de 6.2 filhos do IMS de 2015/2016, e 27% de adolescentes de 15 a 19 anos já engravidaram pelo menos uma vez, sendo 43% da zona rural”, enumerou.

“Estes números não são apenas estatísticas, são histórias de desigualdade e das barreiras que ainda precisamos superar”, prosseguiu Rinko Kinoshita, sublinhando que investir em saúde sexual e reprodutiva é acelerar o desenvolvimento do país, promovendo educação das raparigas e igualdade do género.

“Cada kwanza aplicado no planeamento familiar transforma vidas, reduz a mortalidade materna, aumenta a taxa de escolarização das raparigas, promove a participação das mulheres no mercado formal de emprego e fortalece a resistência das famílias”, disse.

A representante do UNFPA enfatizou que o planeamento familiar garante que o Governo tenha recursos suficientes para fornecer serviços sociais, de saúde, educação e proteção de caridade para todas as crianças e adolescentes.

Por sua vez, a presidente da Assembleia Nacional de Angola, Carolina Cerqueira, disse que os dados estatísticos de 2024 ilustram que o país “ainda enfrenta desafios no âmbito da saúde sexual e reprodutiva, tendo em conta a elevada taxa de fecundidade, com a média de 4,8 filhos por mulher.”

Carolina Cerqueira sublinhou que o caminho para proteger a saúde sexual e reprodutiva em Angola “passa por uma visão integrada, em que políticas climáticas, saúde pública, proteção social e direitos humanos se reforçam mutuamente.”

“Empoderar as mulheres e garantir-lhes acesso a serviços de saúde reprodutiva, educação e informação é uma das formas mais eficazes de reduzir vulnerabilidades e de promover sociedades mais resilientes”, referiu Carolina Cerqueira.

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