Putin vence presidenciais russas com o maior resultado de sempre
Com os primeiros resultados a apontar para uma vitória esmagadora, Vladimir Putin celebrou, ontem, domingo, dia 17, a reeleição para mais seis como chefe de Estado da Rússia e advertiu que o país não se deixará intimidar. No poder há quase 25 anos, o presidente russo obteve o melhor resultado de sempre, com mais de 87% dos votos e praticamente sem oposição.
Apesar da condenação do Ocidente, que classifica o processo eleitoral como uma fraude, o resultado nunca esteve em dúvida: Vladimir Putin garantiu o quinto mandato na Presidência russa. Ao ser reeleito por mais seis anos, o chefe de Estado pode manter-se no poder até 2030, ano em que completará 77 anos de idade, havendo a possibilidade de ter um mandato adicional até 2036 devido a uma alteração constitucional efectuada em 2020.
Os primeiros resultados, após fechadas as urnas no domingo, indicavam que Putin tinha conquistado 87,97% dos votos e conseguida a vitória mais expressiva da Rússia pós-soviética. Também bastante elevada foi a participação dos eleitores, que ultrapassou os 70% e superou os 67,5% das últimas eleições.
A vitória na primeira volta já era esperada e para o Kremlin representa um selo de legitimidade e uma prova de total apoio do povo russo na guerra contra a Ucrânia. Num discurso antes das eleições, Putin exortou mesmo os russos a votarem como uma demonstração de unidade nacional.
Dirigindo-se à população no final da noite de domingo, o líder agradeceu a todos os que foram às urnas e ajudaram a criar as condições para a “consolidação política interna”, dois anos após o início do ataque à Ucrânia e a adoção de sanções sem precedentes pelo Ocidente.
“Gostaria de vos agradecer a todos e a todos os cidadãos do país, pelo vosso apoio e confiança”, disse à equipa de campanha.
“Não importa quem nos quer intimidar ou quanto, não importa quem nos quer esmagar ou quanto (…), nunca ninguém conseguiu fazer nada assim na história. Não funcionou hoje e não vai funcionar no futuro”, disse o presidente de 71 anos, acrescentando que as críticas do Ocidente “eram esperadas”.
“Achavam que nos aplaudiam? Estão a lutar connosco num conflito armado. O seu objetivo é conter o nosso desenvolvimento. É claro que eles estão prontos para dizer qualquer coisa”, continuou.
“Estou convencido de que vocês entendem o período difícil que nosso país atravessa agora, os difíceis desafios que enfrentamos em quase todas as esferas”, disse ainda. “E para continuarmos a responder-lhes com dignidade e a superar com sucesso as dificuldades, continuamos a precisar de estar unidos e autoconfiantes”.
Candidatos da oposição elogiam vitória de Putin
Este foi, de facto, o melhor resultado de Putin – no poder desde 2000 – de sempre numa eleição em que a oposição foi impedida de concorrer e organizar comícios, já que a Comissão Eleitoral Central não inscreveu os seus candidatos, que apoiavam a retirada das tropas da Ucrânia, por motivos técnicos ou irregularidades formais.
Os três candidatos derrotados por Vladimir Putin, que apoiam a grande maioria das políticas do presidente, reconheceram já a vitória do actual chefe de Estado.
“O povo da Rússia demonstrou como nunca à comunidade internacional que pode unir-se e consolidar-se”, disse o candidato comunista, Nikolai Kharitonov, que teve 4% dos votos, seguido de Leonid Slutsky, do nacionalista Partido Liberal Democrata, e Vladislav Davankov, do Novo Partido Popular.
Kharitonov, de 75 anos, acrescentou, citado pela agência espanhola de notícias EFE, que teve um “resultado digno” nas eleições presidenciais russas, que a generalidade da comunidade internacional considera terem sido viciadas.
A vitória de Putin, disse, por seu turno, o candidato do Novo Partido Popular, foi “indubitável”, mantendo o actual presidente russo no poder por mais seis anos, até 2030.
Leonid Slutski, com 3,12%, classificou o resultado de histórico.
Sem surpresas nos resultados, os três dias de eleições, que decorreram entre sexta-feira e domingo, foram marcados por bombardeamentos ucranianos mortíferos e incursões de combatentes armados que se dizem russos pró-Ucrânia nas regiões fronteiriças da Rússia, bem como por protestos nas assembleias de voto.