Principal opositor suazi morto a tiro
Thulani Maseko, o principal opositor do rei Mswati III de ESwatini (ex-Suazilândia), foi morto a tiro na noite de sábado quando se encontrava em casa, segundo a AFP. A sua morte ocorreu algumas horas depois de um discurso de desafio ao único monarca absoluto de África.
“Os assassinos dispararam sobre ele através de uma janela quando o advogado e defensor dos Direitos Humanos se encontrava em casa com a família”, adiantou à Sikelela Dlamini, secretário-geral da Swaziland MultiStakeholder Forum, uma coligação de partidos da oposição, associações e igrejas que apelam a reformas democráticas neste reino.
Maseko, de 52 anos, tinha avançado com um processo judicial contra o rei Mswati III por renomear o país como ESwatini por decreto, afirmando que a decisão era inconstitucional.
Em 2014, Maseko e o editor do jornal mensal “The Nation”, Bheki Makhubu, foram presos após criticarem o sistema judiciário pela sua parcialidade e falta de independência, tendo ambos sido acusados e condenados por desacato ao tribunal.
O assassinato do activista aconteceu algumas horas depois das declarações do rei no decorrer de uma cerimónia tradicional: “As pessoas não devem reclamar dos mercenários que as matam. Essas pessoas começaram a violência primeiro, mas quando o Estado as pune pelas suas acções, elas fazem muito barulho acusando o rei Mswati”.
Ainda na semana passada, a Rede de Solidariedade da Suazilândia acusou o rei de contratar mercenários, principalmente africânderes para ajudar as forças de segurança a reprimir a crescente oposição.
“Ninguém pode ser enganado pela mensagem cínica de condolências transmitida em nome do Governo”, acrescentou a ONG.
ESwatini é um pequeno país, limitado a leste por Moçambique e em todas as outras direcções pela África do Sul. Desde 1986 que é governado pelo rei Mswati III, criticado por um estilo de vida extravagante e regularmente acusado de violações dos direitos humanos.
O monarca tem poderes para dissolver o Parlamento, o Governo e nomear ou demitir juízes, também comanda a polícia e o exército. Os partidos políticos, teoricamente autorizados, não podem participar nas eleições. As próximas estão previstas para este ano. Em junho de 2021, foram realizadas manifestações pró-democracia, que provocaram vários mortos.