Presidente dos Direitos Humanos de Moçambique diz que polícia utilizou balas reais nos protestos de sexta-feira
O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique, Luís Bitone, veio ontem, segunda-feira, dia 30, lançar críticas ao “uso indiscriminado da força pela polícia” no contexto das manifestações promovidas pelos partidos da oposição contra os resultados das eleições autárquicas do passado dia 11 de Outubro.
“As balas são verdadeiras e foram orientadas de forma indiscriminada”, disse Luís Bitone num encontro com os jornalistas. De acordo com este responsável, “os agentes da polícia devem ser capacitados para o uso de meios alternativos a balas reais, para não colocarem em risco a vida e a integridade física dos manifestantes”, prosseguiu. Bitone também apelou aos simpatizantes dos partidos da oposição que contestam os resultados das eleições autárquicas para respeitarem a lei. “A manifestação é um direito, mas deve estar alinhada com o quadro legal”, enfatizou Bitone.
Entretanto, a polícia em Nampula, capital do norte, através do seu porta-voz, Zacarias Nacute, negou que tivesse havido três mortes durante os protestos na cidade ocorridos na última sexta-feira. Nacute, citado pela RDP África, admite a existência de vários feridos, entre eles um agente de segurança, que ficou sem um braço. Contrariando outras informações, referiu que ninguém perdeu a vida em consequência das manifestações de sexta-feira, contra os resultados das eleições autárquicas. “Não temos conhecimento de cidadãos que tenham perdido a vida em consequência das manifestações. Houve feridos que a polícia viu e acompanhou até ao hospital Central, no entanto não houve registo de óbitos causados por qualquer acção policial”.
Zacarias Nacute confirma que um membro da unidade de intervenção rápida acabou por ser atingido por “uma bomba de fabrico caseiro que teriam sido preparadas pelos dirigentes da Renamo na delegação dos mesmo. Esta é uma informação que confirmámos.”
A polícia, na sequência dos protestos de sexta-feira, deteve 101 cidadãos nas cidades de Nampula e Nacala-Porto, acusados de desordem púbica e incitação à violência.