
Parque Nacional da Quissama é a primeira Reserva da Biosfera em Angola
O Parque Nacional da Quissama foi reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera, sendo o primeiro parque natural em Angola a receber esta distinção. Este reconhecimento vai permitir maior concertação com as populações locais de forma a preservar e promover ecossistemas únicos que alternam entre savana, mangais, praias, rios e florestas.
A nova Reserva da Biosfera da Quissama abrange mais de 33 mil quilómetros quadrados e visa proteger “uma extraordinária mistura de ecossistemas”, como descreve a UNESCO em comunicado. Esta reserva, que inclui o Parque Nacional da Quissama, é um santuário da biodiversidade que se tem mantido intocado graças aos habitantes da região que ajudam na sua preservação.
Esta interacção entre a natureza e as populações vai sair ainda mais reforçada por esta distinção da UNESCO, segundo António Abreu, director da Divisão de Ciências Ecológicas e da Terra na UNESCO, citado pela RFI.
“Temos cinco países que pela primeira vez vêem reconhecidas reservas da biosfera e Angola é um deles com a Reserva da Biosfera da Quissama, que vai constituir, por um lado, o reforço do esforço da conservação do Parque Natural da Quissama, mas desta forma envolvendo e aglutinando comunidades que estão fora do parque e que não estavam tão conectadas com a dimensão da conservação ligada ao seu desenvolvimento. E esta diversidade terrestre, costeira e marítima vai transmitir de facto um potencial muito interessante em termos de reserva da biosfera que cobre diferentes ecossistemas e que pode, digamos, por sua vez, também ajudar a apoiar o desenvolvimento socioeconómico em áreas como as pescas, o turismo na zona costeira e a agricultura, e a dimensão da conservação e do turismo na componente terrestre dessa reserva da biosfera”, explicou.
Desde savanas, a rios e mangais, assim como estuários ou praias, esta reserva inclui três áreas terrestres e cinco áreas marinhas. Há elefantes, tartarugas matinhas, manatins, crocodilos e mais de 200 espécies de pássaros. Estes são ecossistemas com muitas espécies endémicas.
Esta distinção da UNESCO vem ainda reforçar as iniciativas já existentes no terreno para proteger a vida animal, assim como as aves aquáticas procurando uma pesca mais sustentável, onde muitas populações utilizam conhecimentos tradicionais para levar a cabo o controlo de incêndios ou plantas medicinais para curar algumas doenças.
Nos últimos anos, as autoridades angolanas têm vindo a levar a cabo um intenso combate à caça furtiva em diferentes parques naturais no país, levando assim ao regresso de muitas espécies que após vários anos de guerra civil tinham desaparecido dos ecossistemas angolanos.