PAN destaca papel estratégico do meio ambiente para o desenvolvimento sustentável em Angola

Na intervenção de abertura, Carolina Cerqueira destacou que a Assembleia Nacional, ao incluir a temática ambiental nas suas comissões especializadas, reafirma o compromisso institucional com uma das questões mais urgentes da contemporaneidade. “A proteção do meio ambiente está intrinsecamente ligada à qualidade de vida, à paz social e à segurança alimentar”, afirmou a Presidente, ressaltando ainda o impacto negativo dos conflitos armados e das crises humanitárias sobre os ecossistemas.

A líder parlamentar elogiou o empenho do Presidente da República, João Lourenço, que tem associado sistematicamente a agenda ambiental à consolidação da paz e ao progresso sustentável no país.

Carolina Cerqueira alertou para os desafios ambientais que Angola enfrenta, como a perda anual de mais de 100 mil hectares de floresta, o avanço urbano desordenado e a exploração ilegal dos recursos naturais. Segundo a Carolina Cerqueira, cerca de 25% das espécies de mamíferos do país estão ameaçadas de extinção.

A Presidente chamou atenção para os efeitos diretos da degradação ambiental na saúde pública, citando dados da Organização Mundial da Saúde que apontam níveis preocupantes de poluição atmosférica em Luanda, com consequências severas para crianças e idosos.

Referindo-se ao Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, Cerqueira reconheceu avanços, como a inclusão de metas para a transição energética e gestão de resíduos. No entanto, defendeu mais acção comunitária, fiscalização rigorosa e participação activa da juventude.

“Vocês, jovens, são a força motriz da mudança. Em Angola, mais de 65% da população tem menos de 25 anos. Precisamos dar-vos mais voz, mais formação e mais oportunidades”, destacou, enaltecendo iniciativas juvenis como a plantação de mangais ao longo da costa angolana.

Durante o discurso, a líder do parlamento lembrou que a questão ambiental transcende fronteiras e tem implicações geopolíticas. Exemplificou com a gestão do sistema hídrico do Okavango-Zambeze, que envolve Angola e outros quatro países da África Austral. Ela apontou o projecto da Comissão Permanente da Bacia do Rio Okavango como exemplo de cooperação regional bem-sucedida.

A Presidente da Assembleia Nacional também alertou para a crise alimentar agravada pelas alterações climáticas. Segundo dados do Programa Alimentar Mundial, 6,3 milhões de angolanos enfrentam insegurança alimentar, sobretudo nas províncias do sul, severamente afectadas pela seca.

Ao encerrar, Carolina Cerqueira reforçou que proteger o meio ambiente é um dever colectivo e um investimento na soberania nacional. “Que esta conferência não seja apenas um momento de reflexão, mas o início de compromissos concretos e políticas transformadoras”, concluiu.

A conferência prossegue com debates sobre biodiversidade, energias renováveis, segurança hídrica e o papel das comunidades na proteção ambiental.