
Nova Marginal da Corimba irá realojar 2 mil famílias
A nova Marginal da Corimba, apresentada ontem, domingo, dia 23, como intervenção estruturante para Luanda, vai avançar 120 metros sobre o mar através de dragagens e obrigará ao realojamento de cerca de 2 mil famílias, segundo fonte oficial.
Segundo o director nacional de infra-estruturas Urbanas, Simão Tomé, serão erguidas 2.000 habitações, de várias tipologias, para realojar as famílias que terão de ser retiradas daquela faixa. O responsável adiantou que também os pescadores que exercem a sua actividade na zona serão realojados.
A obra, a cargo da empresa portuguesa Mota-Engil e cuja primeira fase vai custar 245 milhões de euros, recebeu, ontem, domingo, dia 23, a visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro.
O líder do Executivo português destacou que este foi um dos projectos que beneficiou da linha de crédito que Portugal disponibiliza a Angola, para obras em que sejam contratadas empresas portuguesas, e que foi reforçada com 500 milhões de euros em Julho de 2024, recebendo novo reforço de 750 milhões de euros este ano, num total de 3.250 milhões de euros.
Ao apresentar a obra, Simão Tomé afirmou que visa melhorar a mobilidade, resolver problemas de drenagem pluvial e de águas residuais e impulsionar o desenvolvimento urbano, integrando vias, viadutos, habitação e sistemas de saneamento.
O projecto tem 7,3 quilómetros de extensão, ligando o Memorial António Agostinho Neto ao viaduto da Corimba, e inclui três viadutos, além de 26 quilómetros de vias urbanas destinadas a reforçar a ligação entre os principais eixos que unem o sul de Luanda ao centro da cidade.
A empreitada inclui também a construção de estações de tratamento de águas residuais que vão tratar os efluentes actualmente lançados directamente no mar, com capacidade para atender cerca de dois milhões de habitantes.
Conquistar 120 metros ao mar
As dragagens previstas permitirão conquistar 120 metros ao mar, criando uma plataforma marítima onde serão instaladas três faixas de rodagem, incluindo uma exclusiva para autocarros.
A obra decorrerá em três fases: a primeira, correspondente à construção da marginal propriamente dita, terá a duração de 36 meses e inclui 400 habitações sociais, num contrato de 245 milhões de euros; a segunda fase contempla mais habitações e trabalhos ambientais; e a terceira prevê a construção do corredor do rio Cambambe.
Simão Tomé destacou a complexidade técnica da intervenção, que exige estudos de maré e dragagens, devendo iniciar-se em Dezembro a execução da plataforma marítima.
O ministro angolano das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos Alberto dos Santos, sublinhou que as relações entre Angola e Portugal no sector das obras públicas são antigas e apontou como exemplo o conjunto de infra-estruturas construídas no país, desde estradas, pontes e viadutos a escolas. Afirmou que Angola precisa destas obras e tem dado passos
positivos com o apoio de várias empresas portuguesas, também a nível da cooperação para a formação técnica de quadros angolanos, que considerou essencial.
Recordou ainda que Angola tem uma malha viária de 80 mil quilómetros, dos quais Luanda representa entre 10 e 15%, notando que “há ainda muita infra-estrutura por fazer.”
Sobre o projecto da Marginal da Corimba, disse tratar-se de uma obra diferenciadora e com impacto na melhoria do ordenamento urbano e criação de emprego, destacando também neste domínio a cooperação entre Angola e Portugal.