Nigéria: Eleições Presidenciais e Legislativas decorreram sem “grandes sobressaltos”
O pleito eleitoral no país mais populoso de África decorreu num ambiente de relativa “calma” marcado pela contagem e repetição de votos em algumas mesas no domingo devido a problemas técnicos.
Os três principais candidatos às Eleições Presidenciais e Legislativas, Bola Tinubu, do partido APC, Atiku Abubakar, do partido PDP, e Peter Obi, do Partido dos Trabalhadores, estão muito próximos nos resultados, conforme referenciou esta semana a Rádio França Internacional (RFI). Os resultados serão conhecidos amanhã, terça-feira, 28 de Fevereiro.
No domingo, 27, por exemplo, um dia após o pleito, registrou-se muitos eleitores, sobretudo jovens que passaram a noite junto de algumas mesas de voto na Nigéria, filmando a contagem dos votos com os seus telefones na tentativa de garantir a lisura do processo. Há relatos por parte da imprensa internacional de casos de atraso generalizado na votação, roubos de urna e violência, contudo, nada confirmado pelas aultoridades.
Segundo a RFI, que cita as agências de notícias destacados no local, o candidato Bola Tinubu, de 70 anos, é apelidado de padrinho por ter grande influência política, por ser o antigo governador de Lagos e por ser muçulmano. De igual modo, Atiku Abubakar, também muçulmano, foi antigo vice-presidente, depositando no norte do país a esperança de um grande número de votos. Por sua vez, Peter Obi, que é cristão, tem 61 anos e tem o apoio da franja mais jovem.
Dificuldades na ligação da Internet, nalguns pontos do país, bem como a utilização de meios digitais para registar e contabilizar os votos estão a dificultar o trabalho de contagem por parte dos representantes nas 176 mil mesas distribuídas pelo país.
Tais dificuldades obrigaram a que algumas mesas abrissem também no domingo, 27, de modos a permitir que os cidadãos votassem, uma vez que não reuniam as condições necessárias para a conclusão do acto eleitoral no sábado.
O director de investigação da consultora SBM Intelligence, baseado em Lagos, disse que há alguns receios que estes votos possam ser alvo de disputas judiciais por parte dos candidatos, sendo que para muitos nigerianos as eleições começaram bastante tarde no sábado devido a problemas técnicos. “Muitos boletins de voto também não tinha os símbolos correctos ou os nomes dos candidatos. Houve portanto alguns incidentes a nível técnico e logístico que têm marcado esta eleição, quem no geral, tem decorrido de forma pacífica”, referiu Ikemesit Effiong.
Em declarações à jornalista Christina Okello, da RFI, disse que muitas pessoas viram e testaram estas máquinas pela primeira vez no dia da eleição, portanto, no seu entender, isso contribuiu para o problema. “Em eleições anteriores, era possível passar o nosso cartão eleitoral e mesmo assim houve célebres problemas em 2019. Aeleição teve mesmo de ser alargada para o dia seguinte. Parece que também foi ocaso desta vez”, afirmou.
De acordo com a RFI, para ser eleito na primeira volta, o vencedor deve conseguir reunir pelo menos 25% dos votos de dois terços dos 36 estados federais, incluindo a capital federal, Abuja. Caso isso não aconteça, uma segunda volta deve acontecer daqui a 21 dias.
Os resultados devem ser conhecidos até daqui a14 dias. Nos últimos anos, a criminalidade e a pobreza explodiram na Nigéria, com problemas de terrorismo no Norte e Centro do país, com separatismo no Sul e ainda uma inflação crescente. Para agravar a situação dos nigerianos, tem havido falta de combustíveis assim como de moeda local que levaram a fortes motins.