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Lula promete punir com mão de ferro os amotinados

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu castigar severamente os apoiantes do ex-líder do país, Jair Bolsonaro, na sequência da invasão de ontem à tarde aos edifícios da chamada Praça dos Três Poderes, o centro do poder em Brasília, a capital do país.

Os manifestantes, apoiantes do ex-presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, também invadiram o Supremo Tribunal e cercaram o palácio presidencial. Contudo, a polícia recuperou o controlo dos edifícios ontem (domingo) à noite, após horas de confrontos. Na sequência dos distúrbios foram presas cerca de 300 pessoas, de acordo com uma fonte policial.

Já esta manhã, oficiais fortemente armados reuniram-se, em Brasília, num extenso campo com apoiantes de Bolsonaro. Entretanto, o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, foi afastado do cargo por um período de 90 dias, por decisão do Supremo Tribunal. O juiz Alexandre de Moraes acusou-o de não ter evitado o motim e de ter ficado “silêncio total” perante o ataque. Ibaneis Rocha pediu desculpa pelos acontecimentos de domingo.

As cenas dramáticas – que viram milhares de manifestantes vestidos de verde e amarelo, as cores nacionais, invadir e saquear o coração do Estado brasileiro – surgem apenas uma semana após a tomada de posse de Lula. O próprio Lula, que se encontrava numa visita ao interior do Estado de São Paulo, voltou apressadamente a Brasília tendo percorrido o edifício do Supremo Tribunal, para ver os danos com os seus próprios olhos. O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) foi forçado a declarar poderes excepcionais, antes de enviar a guarda nacional para a capital para restabelecer a ordem. Lula ordenou também o encerramento do centro da capital – incluindo a avenida principal onde se encontram os edifícios governamentais – durante 24 horas.

Sabe-se que foram utilizados 40 autocarros para transportar os manifestantes para a capital. Bolsonaro recusou-se repetidamente a aceitar que tinha perdido a eleição de Outubro e na semana passada deixou o país para não entregar a icónica faixa presidencial ao seu sucessor.

Cerca de seis horas após a eclosão da violência, o ex-presidente – que se crê estar na Florida, nos EUA – num post da sua conta do Twitter, condenou o ataque e negou a responsabilidade no encorajamento aos desordeiros.

Falando antes de chegar a Brasília, Lula disse que não havia “nenhum precedente na história do nosso país” para as cenas em Brasília e chamou à violência “actos de vândalos e fascistas”. E apontou o dedo às forças de segurança acusando-as de “incompetência, má-fé ou maldade” por não terem impedido os manifestantes de aceder ao Congresso.

“Vê-se nas imagens que eles [agentes da polícia] estão a guiar as pessoas na caminhada para a Praça dos Três Poderes”, disse. “Vamos descobrir quem são os financiadores destes vândalos que foram a Brasília e todos eles pagarão com a força da lei.”

Num vídeo partilhado no O Globo online mostrava alguns oficiais a rir e a tirar fotos juntos dos manifestantes. Os amotinados partiram janelas, enquanto outros invadiram a câmara do Senado, onde partiram bancos e assentos.

Segundo Katy Watson, correspondente da BBC na América do Sul, alguns manifestantes não estão apenas revoltados por Jair Bolsonaro ter perdido as eleições, querem que o Presidente Lula regresse à prisão.

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