Lula preside a cimeira sobre Amazónia
O presidente brasileiro, Lula da Silva, lidera hoje, 8 de Agosto, uma cimeira com países amazónicos para promover o novo modelo de desenvolvimento que ponha fim ao destruição da maior floresta tropical do planeta.
Na abertura do encontro, os presidentes da maioria dos oito países amazónicos vão partilhar os seus pontos de vista sobre este vasto território de 6,3 milhões de quilómetros quadrados, onde está localizada a maior bacia hidrográfica do mundo e vivem cerca de 50 milhões de pessoas, a maioria em situação precária.
No final da reunião, os líderes de países amazónicos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela) devem assinar e divulgar a Declaração de Belém, que estabelece uma nova agenda comum de cooperação regional.
De acordo com o Governo brasileiro, a iniciativa deverá resultar em posições a favor “do desenvolvimento sustentável da Amazónia, que concilie proteção do bioma e da bacia hidrográfica, inclusão social, fomento de ciência, tecnologia e inovação, estímulo à economia local e valorização dos povos indígenas e comunidades locais e tradicionais e seus conhecimentos ancestrais”.
Amanhã, quarta-feira, haverá uma sessão alargada na Cimeira da Amazónia com outros países convidados, como Indonésia, República do Congo e República Democrática do Congo, que também possuem grandes áreas de floresta tropical.
Será o quarto encontro de lideranças da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA) e o primeiro desde 2009 desse bloco criado em 1995 e formado por oito países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
A Cimeira da Amazónia, em Belém, capital do estado brasileiro do Pará, deverá contar com a presença de todos os chefes de Estado de países sul-americanos que têm parte da floresta no seu território, excepto de Guillermo Lasso, do Equador, e Chan Santokhi, do Suriname, que recusaram o convite por motivos de política interna.
O encontro ocorre num momento em que a floresta amazónica passa por uma grave crise, afetada por altos índices de desflorestação, mineração ilegal, presença crescente do narcotráfico e assédio aos povos indígenas. “O mundo precisa ver este encontro como um marco histórico para a discussão da questão climática”, disse Luiz Inácio Lula da Silva nos dias que antecederam o encontro.
O objetivo da cimeira é encontrar um ponto de equilíbrio entre a salvaguarda do ecossistema, fundamental para reduzir as emissões de carbono geradas pelo derrube de árvores e manter o regime de chuvas na América do Sul, e proporcionar condições de vida dignas aos seus habitantes por meio da chamada bioeconomia.
“Há um entendimento de todos os presidentes de que a Amazónia não pode chegar a um ponto sem volta”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, antes da cimeira. Chegar a esse extremo significaria que a floresta tropical perdeu sua capacidade de regeneração e caminha irreversivelmente para a sua transformação em savana, o que traria consequências terríveis para a região.