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“Kill the Boer” cava ainda mais o fosso entre a oposição sul-africana

A polémica canção “Kill the Boer” (morte ao bóer, em tradução livre), voltou a fragmentar ainda mais a oposição sul-africana, após Julius Malena, líder dos Combatentes da Liberdade Económica (EFF, sigla em inglês), a ter entoado num comício efectuado no último sábado, perante 90 mil militantes que se concentraram no estádio do Soweto, comemorando o 10º aniversário do partido.

Como reacção, na segunda-feira, 31 de Julho, o principal partido da oposição sul-africana, a Aliança Democrática (DA, sigla em inglês), acusou o seu principal rival da esquerda radical de incitar ao ódio ao entoar a famosa e controversa canção anti-apartheid.

“Eis um homem determinado a iniciar uma guerra civil”, referiu John Steenhuisen, líder da DA que descreveu Malema – “Juju”, como lhe chamam os sul-africanos – como um “tirano sanguinário” determinado a incitar a um “assassínio em massa”. A EFF, abordada pela AFP, não proferiu ainda qualquer comentário. A DA está a considerar apresentar uma queixa contra o carismático Julius Malema, de 42 anos.

No sábado, Malema, trajando a sua habitual boina vermelha, ergueu o punho durante um longo momento num palco elevado, perante um turbilhão de confettis vermelhos e dourados, e entoou a célebre canção, numa demonstração de força a menos de um ano das eleições em que o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde o fim do apartheid, poderá pela primeira vez perder a maioria parlamentar.

Esta última polémica surge numa altura em que os partidos da oposição procuram activamente estratégias de aliança para derrubar o ANC, nas próximas eleições, em 2024. Malema disse recentemente que estava pronto para se juntar a uma coligação com a DA, que lidera um grupo de seis pequenos partidos. Mas Steenhuisen adiantou à AFP, na semana passada, que não estava interessado numa coligação com a EFF uma vez que este partido não partilhava os “valores e princípios” da coligação. Qualquer perspectiva de aproximação, pelo menos a nível nacional, parece ter sido excluída esta segunda-feira, com Steenhuisen a descrever a EFF como “inimigo político número um.”

De acordo com uma sondagem recente, a DA, que continua a ser visto como um partido de brancos, poderá obter 16% dos votos, contra 13% do EFF, que defende, entre outras coisas, uma reforma agrária favorável aos sul-africanos negros.

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