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FMI prevê crescimento da economia angolana acima dos 3%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento da economia angolana acima dos 3% em 2024, acelerando a diversificação da economia, disse, esta quarta-feira, em Luanda, o representante residente do FMI em Angola, Victor Lledo.

Falando à imprensa depois da sessão de apresentação e exposição pública do Relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as Perspectivas Económicas Regionais da África Subsariana: “Uma Luz no Horizonte?”, sublinhou que o FMI espera uma recuperação acima dos níveis de 2023.

Victor Lledo considera que 2023 foi também um ano difícil devido às pressões cambiais e inflacionárias, sendo que a expectativa é diminuir em 2024 , com a retomada da consolidação fiscal.

Em seu entender, o Orçamento Geral do Estado de  2024 aponta claramente neste sentido, colocando as contas em um caminho, a uma dívida próxima da âncora de 60% do Produto Interno Bruto.

De acordo com o responsável, será muito importante criar o espaço  fiscal necessário ao impulso do  investimento nas áreas sociais.

“Existem recomendações importantes, tais como seguir com a redução de subsídios fiscais aos combustíveis, que actualmente representam cerca de 3.5% a 4% do PIB e que tomam um espaço muito forte, cujos valores  poderiam ser utilizados na educação, saúde e assistência social”, disse.

 

Conforme o responsável, a segunda área, para se criar esse espaço fiscal, é o seguimento dos esforços destinados a aumentar a mobilização de receitas tributárias não petrolíferas.
“Isso passa muito fortemente pelo aumento na arrecadação do IVA e do imposto predial”, asseverou.

Apontou ainda como  recomendação a criação de um espaço fiscal, através de uma melhor gestão da dívida, de formas a alargar os prazos de maturidade e obter financiamento  a custos mais baixos.

 Inflação nos dois dígitos

Já o chefe da Divisão de Estudos Regionais do FMI, Luc Eyraud, diz que ao nível dos países da África subsariana está a descer, mas não em todos.

Reforçou que, em relação às metas dos bancos centrais, a inflação continua elevada, sendo que dois terços dos países (com uma meta explícita para a inflação) registam uma inflação acima da meta, uma inflação nos dois dígitos.

Luc Eyraud considera provável que a orientação da política monetária seja mais desafiante para os países com a inflação ainda elevada ou numa trajectória ascendente.

Justifica-se, por isso,  uma maior restritividade monetária com a inflação em queda, devendo- se assumir gradualmente uma orientação de política mais neutra.

O especialista diz que nos países da África subsariana as pressões sobre as taxas de câmbio continuam com juros mundiais “mais elevados, por mais tempo”, numa altura que nos Estados Unidos reforçam o peso do dólar, aumentando os encargos com o serviço da dívida, denominados em moeda estrangeira, aumentam.

Luc Eyraud reforça que, com as margens de reserva abaixo de níveis confortáveis, os regimes, sem paridade cambial, devem permitir o ajustamento das taxas de câmbio, em especial, quando as reservas se encontram em níveis baixos.

Frisou que, os países com paridade cambial, exigem um conjunto de políticas para sustentar a paridade, sem pressionar as reservas, coordenar com outras políticas para aliviar os custos dos ajustamentos e evitar medidas administrativas, com efeito de distorção.

O FMI aponta que a maioria dos países precisa de uma consolidação orçamental para preservar a sustentabilidade, de preferência, com base na mobilização de receitas, devendo ser dada prioridade às despesas essenciais na educação e na saúde.

O relatório apresentado aponta que a convergência económica constitui um desafio, entre países ricos, em recursos naturais e países pobres, em recursos naturais.

Indica-se também que a duplicação dos padrões de vida poderá demorar 20-30 anos nas economias mais diversificadas, “mas é provável que demore gerações nos países ricos em recursos naturais”.

O FMI recomenda investir mais na educação, aumentar a participação do sector privado, fomentar a integração comercial e melhorar a gestão dos recursos naturais, bem como  acelerar a diversificação económica.

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