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Executivo pode rever taxas de importação de electrodomésticos

À margem da inauguração da primeira linha de montagem de electrodomésticos da BEKO, uma das Top 3 das grandes marcas na Europa, Víctor Fernandes disse que por enquanto “não há condições para fazer a revisão” das taxas aduaneiras que incidem sobre os electrodomésticos.

Em sentido contrário, o governante garantiu que o objectivo do Executivo é criar condições que visam aumentar a produção interna de electrodomésticos, para depois rever as taxas e garantir que os produtos sejam fabricados e montados efectivamente em Angola.

“As próprias taxas aduaneiras associadas a este consumo são baixas e o objectivo é criar condições para que os empresários aumentem a produção [interna]. Estamos só na ‘assemblagem’ “, afirmou, desafiando outros empresários a seguir o exemplo do Grupo Imex Indústria e o Grupo Arcelik, que investiram 2,5 milhões de dólares na instalação da primeira fábrica na África Subsariana.

Ambiente de negócio

Para Víctor Fernandes, a inauguração da fábrica representa uma iniciativa empresarial, que visa a criação de mais postos de trabalhos e representa, igualmente, a resiliência dos empresários que investem no mercado nacional, julgando, por isso, ser importante garantir as melhores condições de acesso ao mercado de negócios. “Estamos satisfeitos que os empresários respondam positivamente, principalmente aqueles que estão aqui há mais tempo, investindo cada vez mais”, afirmou.

No entender do governante, a aposta no mercado nacional por parte do Grupo Imex Indústria e o Grupo Arcelik dá a entender que as políticas que têm sido definidas pelo Executivo “vão de encontro” às necessidades que “os empresários têm. O mercado está aberto. Se estes empresários investiram, os outros também podem”, frisou Víctor Fernandes.

Localizada numa área de 6.400 m², a primeira linha de montagem de electrodomésticos da marca BEKO da África Subsariana é parte de uma estratégia que integra quatro fases de implementação do projecto, financiado pelo Grupo Imex Indústria e o Grupo Arcelik, fundado em 1955 em Stambul, na Turquia.

A marca começou a operar em Angola em Março de 2019, com um investimento de 1.500.000 dólares, através da importação e comercialização de electrodomésticos, com a inauguração da primeira loja na Marginal de Luanda. Actualmente, são 13 lojas distribuídas nas províncias de Luanda, Benguela (Lobito), Huambo, Cabinda e Huíla (Lubango). “Iniciamos a distribuição da marca BEKO em 2019 e hoje estamos a inaugurar a primeira fábrica de montagem em Angola”, disse do CEO do Grupo IMEX Indústria, Ramzi El Houchainmi, minutos antes do corte da fita inaugural da unidade que teve lugar na sexta-feira, 20 de Janeiro, Estrada de Catete, no Km 38.

Dignidade social

Quando devidamente estruturado e delineado pelas estruturas políticas competentes, o investimento público ou privado (nacional ou estrangeiro) providência ganhos incomensuráveis e transversais para o sector social e económico de qualquer país.

Com um investimento total de 2,5 milhões de dólares, a fábrica de montagem de aparelhos domésticos da marca BEKO proporcionou 80 empregos directos (78 nacionais e dois estrangeiros), que numa primeira fase vão assegurar a montagem de mais de 200.000 peças de electrodomésticos por ano.

Adriano Domingos, de 22 anos de idade, é membro de uma família monoparental de onde é parte fundamental no sustento da mesma. É um exemplo de outros jovens angolanos que assumiram a responsabilidade de sustentar a mãe e os seus irmãos. “A minha mãe é vendedora ambulante e, como filho mais velho, deve ajudar a nossa mãe. Ou seja, neste momento sou uma espécie de pai e filho ao mesmo tempo”, contou.

Residente no Bairro Golf 2, município do Kilamba Kiaxe, em Luanda, percorre vários quilômetros para chegar ao novo local de trabalho, onde junto de outros jovens angolanos contribuem para o desenvolvimento social e económico. “Este emprego me trouxe motivação, porque alavancou ainda mais a minha perspectiva, a minha forma de pensar e ver as coisas. Ajuda-me a custear as despesas de casa, a pagar a formação dos meus irmãos”, disse em entrevista à Economia & Mercado.

Apesar de não ser o primeiro emprego, uma vez que colaborou também como professor, entre outros ofícios, Adriano disse que tem sido uma experiência nova, com a qual aprendi muitas coisas novas. “Aprendi mais sobre o frio e como operar muitas máquinas que não conhecia antes”, disse, visivelmente satisfeito. “Nunca vi estes tipos de máquinas. Antes não sabia soldar, mas agora sei soldar em condições, sei mexer nas tubagens e domino quase todas as linhas”, referiu.

Além de operador de máquina, Adriano chefia uma equipa composta por 20 técnicos, todos jovens com idades compreendidas entre 22 aos 33 anos de idade. “Controlo as duas naves: a de montagem de geleiras e de ar condicionado de 9, 12 e 18 BTU’s. Mas no futuro iremos produzir aparelhos de outras dimensões. Estamos a aprender muita coisa de frio”, explicou.

“Passamos por um processo de formação aqui mesmo. Sinto-me muito feliz aqui”, referiu.“Estou a aprender a montar os aparelhos de ar condicionado, os compressores, as tubagens, que depois vão para a área de soldadura. É mais uma formação que vai aumentar a experiência no curriculum”, afirmou, igualmente satisfeito.

A unidade fabril é um investimento conjunto do Grupo IMEX e o Grupo Arcelik, que foi fundado em 1955 em Istambul, na Turquia. Actualmente, conta com mais de 45.000 funcionários em todo mundo, incluindo subsidiárias em 53 países, 30 instalações de produção em nove países: África do Sul, Tailândia, Índia, Paquistão, Turquia, Romênia, Bangladsh, Rússia. Detém 12 marcas, entre as quais Arceri, a número um na Turquia, BEKO, Top 3 na Europa, Grandi, top 3 na Alemanha, Difar, que é a número um na África do Sul, entre outras.

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