Dívida Pública sul-africana piora apesar da consolidação orçamental, revela Capital Economics
A consultora Capital Economics considerou este domingo, 5 de Novembro, que o panorama da dívida pública na África do Sul vai piorar, apesar dos esforços de consolidação orçamental do Governo, a começar por um aumento na função pública abaixo da inflação.
“O ministro das Finanças da África do Sul reafirmou o seu empenho com a consolidação orçamental na Estratégia Orçamental de Médio Prazo, mas, ainda assim, a dívida deverá atingir um valor acima do previsto”, escrevem os analistas no comentário ao documento apresentado esta semana pelo governante.
A Capital Economics faz uma previsão de que a dívida vá chegar aos 77,7% no ano fiscal de 2025/2026, acima dos 73,6% inicialmente previstos, e salienta que a trajectória descendente “será mais lenta do que o estimado anteriormente”.
O cenário macroeconómico actualizado da economia mais industrializada da África Subsaariana, também foi revisto em baixa com a previsão de défice orçamental no ano fiscal 2023/2024 a agravar-se de 3,9% para 4,7%, e de o saldo orçamental primário (antes do pagamento dos juros) previsto ser agora menor, revisto de 0,9% para 0,3%, fazendo parte de um conjunto de previsões que os analistas consideram ser “optimistas”.
“Numa tentativa de tranquilizar os investidores, o ministro das Finanças, Enoch Godongwana, acelerou os planos de consolidação orçamental, antevendo agora que o saldo orçamental primário continue a melhorar, atingindo um excedente de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano fiscal de 2026/2027, um nível que no orçamento anterior devia ter sido alcançado um ano antes”, sublinham os analistas.
O corte na despesa pública “será sustentado em novos esforços para conter o crescimento da massa salarial da função pública, que deverá crescer abaixo da inflação, através das saídas de funcionários, mas também do reforço na melhoria da eficiência e da eficácia da despesa pública”, num cenário que deverá ser apresentado no orçamento do próximo ano.
Apesar do empenho na austeridade, alertam os analistas, “o panorama geral mostra uma posição de dívida cada vez mais precária, com o rácio face ao PIB a subir para 77,7% no ano fiscal de 2025/2026, o que compara com uma previsão de 73,6% no orçamento anterior”.
Para a Capital Economics, “o Governo sabe claramente que tem de fazer mais para acalmar os nervos dos investidores, e daí a apresentação de uma nova regra orçamental, ou âncora, nas palavras do Executivo, que será apresentada no Orçamento para o próximo ano fiscal”, mas que os analistas concluem que será insuficiente, por si própria, por aumentar o crescimento para além de 1% ou 1,5%”.