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Diplomacia com dificuldade de controlar a tensão no Médio Oriente

A comunidade internacional está em alerta para o pior após os taques de sexta-feira dos Estados Unidos da América contra objectivos iranianos no Norte da Síria, com as Nações Unidas e os países da região a não esconderem os “nervos” perante a dificuldade em controlar os acontecimentos no Médio Oriente, cujos sinais apontam para o alastramento do conflito para o Líbano e Síria.

Em jeito de consolo do esforço diplomático, o secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos da América, Lloyd Austin, fez questão de esclarecer, rapidamente que o “bombardeamento não foi feito em coordenação com Israel, e que se destinam a mandar uma “mensagem clara” ao Governo de Teerão”. Foram atacados vários depósitos de armas e munições utilizadas pela Guarda Revolucionária Iraniana na Síria, referiu.

A CNN noticiou que os bombardeamentos aéreos, realizados com recurso a dois caças F-16, ocorreram por volta das 4:30 da manhã locais, perto da localidade síria de Abu Kamal, a poucos quilómetros da fronteira com o Iraque.

“Os ataques apoiados pelo Irão contra as forças norte-americanas são inaceitáveis e devem cessar. Estamos preparados para tomar outras medidas para proteger o nosso povo, se for necessário”, disse um oficial dos Estados da América, citado pela Reuters.

“O que nós queremos é que o Irão tome medidas muito específicas, que ordene às suas milícias e aos seus representantes que se retirem”, disse Austin, citado pela BBC. Austin referiu, em comunicado, que a Acção é a resposta a uma “série de ataques, a maioria”, por parte de milícias apoiadas pelo Irão, e referiu que o Presidente Joe Biden deu a ordem para os bombardeamentos para “deixar claro que os Estados Unidos não toleraram tais ataques e vão defender os seus interesses e o seu pessoal”.

Os ataques ocorreram poucas horas depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão ter avisado que se a retaliação israelita contra os combatentes do Hamas na Faixa de Gaza não terminar, então os Estados Unidos da América “não vão ser poupados desta guerra”.

Hossein Amir-Abdollahian indicou que o Irão está preparado para se envolver nas negociações para a libertação de reféns. “Eu digo honestamente aos homens do Estado norte-americano, que estão a gerir o genocídio na Palestina, que não vemos como uma boa expansão da guerra na região. Mas se as acções em Gaza continuarem, não vão ser poupados da guerra”, prometeu.

Diplomacia fala em falta de coordenação

Os últimos acontecimentos no Médio Oriente levaram a comunidade internacional admitir falta de coordenação nos contactos, em meio a acções em contramão que aumentam o alastramento do conflito, como os ataques de Israel nos territórios libaneses sírios, situação agravada com o bombardea- mento norte-americano a objectivos do Irão também na Síria.

Depois das manifestações do Egipto, Jordânia, Líbano, Irão e da própria Organização das Nações Unidas, a União Europeia analisou o papel diplomático tanto ao nível do debate sobre as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na cimeira de líderes, como no Fórum Global Gateway, que assinou contratos de cooperação para o desenvolvimento.

A organização avançou que esta Cimeira Europeia foi, por assim dizer, um conselho de guerra, referindo que a Ucrânia está sempre na agenda, mas uma grande parte do debate centrou-se no conflito entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, tendo a declaração de líderes pedido “corredores e pausas humanitárias” para ajudar o território palestiniano, segundo a imprensa ocidental.

“Um cerco total não está em conformidade com o direito internacional e muitos líderes realçaram esse ponto. Há uma grave deterioração da situação humanitária em Gaza, razão pela qual consideramos que a UE deveria fazer tudo o que for possível para ajudar a resolver a questão do acesso humanitário”, disse Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.

Operações terrestres no Norte de Gaza

Após o anúncio da expansão das operações terrestres, combates nas regiões Sul e Norte de Gaza se intensificaram, enquanto Israel também bombardeia toda a Faixa, que está sem Internet, telefonia e luz. Na sexta-feira, depois da entrada de Israel na parte Norte da Faixa de Gaza, o grupo islâmico Hamas afirmou que estava a repelir a incursão terrestre israeliata.

“As Brigadas Al-Qassam [braço armado do Hamas] estão a resistir a uma incursão terrestre israelita no Leste de Bureij, com confrontos violentos ocorrendo, actualmente, no local”, disseram em comunicado.

Enquanto isso, o jornal The Times of Israel também confirmou os embates armados, afirmando que “os efectivos terrestres das Forças de Defesa de Israel, incluindo tanques, operam no enclave”.

Diante da operação por terra, o coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, ressaltou que “se uma pausa pudesse ser eficaz para permitir a libertação dos reféns, isso seria algo que apoiaríamos absolutamente e acreditamos que Israel deveria apoiar também”.

Kirby disse também que a Casa Branca “apoia pausas humanitárias para a entrada de insumos básicos” e “isso inclui a entrada de combustível e a restauração da energia eléctrica”. A declaração vai contra a decisão recente de Israel de não permitir a entrada de combustível na região da Faixa de Gaza.

As conversas sobre liberações de reféns podem ter sido o ponto-chave para a decisão de entrada na Faixa de Gaza por Israel, visto que, até ao momento, nem o país nem o Hamas chegaram a um acordo.

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