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CPLP mobiliza sector privado para combater a segurança alimentar no espaço lusófono

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enfrenta desafios em matéria de segurança alimentar e nutricional, apesar de contar com condições climáticas favoráveis e vastos recursos naturais para a produção agrícola, informou ontem, quinta-feira, dia 17, a Agência de Informação de Moçambique (AIM).

De acordo com a AIM, a constatação foi feita, em Bissau, capital de Guiné-Bissau, durante o “II Fórum Económico Empresarial da CPLP”, que reuniu empresários e representantes governamentais dos nove Estados-membros. O encontro sublinhou o papel central do sector privado na promoção de soluções sustentáveis para garantir a soberania alimentar no espaço lusófono.

Ao intervir na abertura do evento, o ministro da Economia, Plano e Integração Regional da Guiné-Bissau, Soares Sambú, defendeu a necessidade de reduzir barreiras comerciais, atrair investimento privado e reforçar os projectos empresariais entre os países da Comunidade. “É vital eliminar os obstáculos ao comércio e explorar novas áreas de cooperação entre os espaços de integração económica da CPLP”, afirmou.

O fórum destacou os esforços em curso no âmbito da Estrutura Estratégica de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (ESAN-CPLP) e do respectivo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, plataformas criadas em 2021 para coordenar respostas à insegurança alimentar nos países-membros. As intervenções apelaram a uma maior integração entre recursos naturais, conhecimento técnico e políticas públicas, visando a redução da vulnerabilidade alimentar e o fortalecimento de cadeias de valor agrícolas sustentáveis.

Em declarações à AIM, o empresário moçambicano, Salimo Abdula, antigo presidente do Conselho Empresarial da CPLP, destacou o potencial de países como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Guiné-Equatorial, que detêm algumas das maiores extensões de terra arável do continente africano. “Estes países possuem terra, água e juventude preparada para produzir. O que falta é tecnologia, lacuna que pode ser suprida com o apoio de Portugal e Brasil”, referiu.

O empresário sublinhou ainda que outros sectores, como o turismo e os hidrocarbonetos, têm capacidade para impulsionar o crescimento económico da CPLP. “Os países da Comunidade têm sol, mar e terra, que são factores ideais para um turismo gerador de emprego. Por outro lado, o sector energético pode vir a representar até 27% da produção mundial, se for aproveitado com uma estratégia comum”, defendeu.

Pilar económico virou prioridade

Salimo Abdula lembrou que a introdução de um pilar económico formal na agenda da CPLP, durante a sua presidência do Conselho Empresarial, “marcou uma viragem na orientação da organização, que anteriormente dava primazia ao relacionamento diplomático.”

Durante o fórum, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) apresentou o “Compacto Lusófono de Desenvolvimento”, uma iniciativa que visa estimular parcerias público-privadas e facilitar o acesso ao financiamento nos países lusófonos africanos, com o apoio de Portugal e Brasil. Contudo, o acesso ao crédito continua a ser um dos principais obstáculos enfrentados por muitas empresas no espaço CPLP.

O evento terminou com um apelo renovado à mobilização do sector empresarial, ao reforço das parcerias estratégicas e à implementação de políticas públicas mais integradas, como pilares para enfrentar os desafios da segurança alimentar, diversificação económica e integração produtiva entre os países de língua portuguesa.

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