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Confiança dos empresários em máximos de sete anos

A confiança dos empresários e gestores sobre as perspectivas de evolução da economia angolana atingiu no 4.º trimestre de 2022 um máximo de sete anos, estando em terreno positivo há cinco trimestres consecutivos, indica o Inquérito de Conjuntura Económica às empresas do INE.

De acordo com o Expansão, O Indicador de Clima Económico (ICE), que avalia as expectativas dos empresários (confiança ou pessimismo) sobre a evolução da economia no curto prazo subiu sete pontos desde o III trimestre do ano passado para 13 pontos nos últimos três meses do ano passado. Para já, é o valor mais alto desde o primeiro trimestre de 2015 em que o indicador se fixou nos 16 pontos.

Depois de cinco recessões económicas consecutivas (2016 a 2020), o ICE regressou a terreno positivo no IV trimestre de 2021 quando se fixou em 1 ponto depois de quase sete anos em terreno negativo

Os agora 13 pontos do ICE correspondem ao saldo das respostas extremas, a diferença entre as avaliações positivas e negativas dos empresários sobre as perspectivas de evolução da economia angolana. Ou seja, a percentagem de empresários que tem perspectivas positivas sobre a evolução da economia nacional no curto prazo excede em 13 pontos percentuais a percentagem dos que têm expectativas negativas.

Isto significa que os empresários e gestores estão optimistas com o desenvolvimento da economia, embora ainda haja sectores de actividade em que os empresários estão menos confiantes na evolução da economia no curto prazo, como é o caso do sector da construção que, desde 2010, tem a confiança em terreno negativo, ou seja, tem estado pessimista mas esse pessimismo tem vindo a diminuir.

A explicação, de acordo com alguns especialistas,tem a ver com a recuperação económica que o País tem vindo a fazer nos últimos dois anos, que faz com que os empresários e gestores encarem com mais optimismo o futuro próximo.

O índice de clima económico corresponde à média dos indicadores de confiança de sete sectores de actividade, os quais reflectem a opinião dos empresários e gestores destes sectores sobre o desempenho do respectivo sector no curto prazo. Os sectores são o comércio, comunicação, construção, indústria extractiva, indústria transformadora, transportes e turismo.

O inquérito envolve 1.638 empresas das 18 províncias, das quais 907, ou seja, 55,4%, são do sector do comércio e 290 empresas estão ligadas à indústria transformadora. Os empresários e gestores foram convidados a dar a sua opinião sobre a actividade actual e perspectivas, em geral, e, em particular, sobre encomendas, vendas, exportações, stocks e emprego, entre outras variáveis, e também sobre as principais limitações que enfrentam no exercício da sua actividade.

Neste sentido, a procura insuficiente, dificuldades financeiras e alguma falta de matérias-primas estão entre as principais limitações à actividade apresentadas pelos empresários e gestores durante o período em referência.

Construção é o mais pessimista dos sectores

Os empresários e gestores mais pessimistas continuam a ser os da construção, sector que apresenta um indicador de confiança de -4 pontos, enquanto os dos sectores da comunicação, transportes e do turismo são os mais optimistas, ou seja, os que mais confiança têm na evolução da economia no curto prazo.

Apesar do pessimismo, a confiança tem vindo a recuperar

Ainda assim, a confiança no sector da construção está em terreno negativo há quase 13 anos. Desde o I trimestre de 2010 que o moral das empresas do sector permanece em baixa e destaque para os -74 pontos verificados no IV trimestre de 2015. “Foi o período negro no sector da construção, porque a economia entrou em recessão e todos os sectores foram afectados e até a administração pública”, revela uma fonte da Associação das Empresas de Construção Civil em Angola, lembrando que o quadro tem vido a mudar desde o final de 2020.

Ainda assim, refere, as construtoras olham para o futuro da economia com mais confiança e esperam que haja mais verbas para obras públicas no País. “Os dados falam por si: não há promoção de concursos de obras públicas e o volume de contratos celebrados registou uma quebra se olharmos para o ano de 2008 e 2009”, justifica a fonte.

A justificação da crise na construção tem a ver com a deterioração das perspectivas de venda de serviços e baixa oferta de encomendas. Seguem-se as dificuldades na obtenção de crédito bancário e a aquisição de materiais. Apesar da ligeira actividade económica, prosseguiu, “os despedimentos na construção foram aos milhares porque as construtoras não tinham encomendas e nem conseguiam vender [imóveis] ou pagar os seus colaboradores.”

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