Burquina Faso, Mali e Níger abandonam CEDEAO
O Burquina Faso, Mali e Níger, países governados por juntas militares não reconhecidas internacionalmente, decidiram retirar, este domingo, dia 28, os seus países, com efeitos imediatos, da Comunidade Económica de Desenvolvimento dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Num comunicado conjunto, os Governos dos três países justificam a saída daquela organização sub-regional, na sequência das sanções impostas e da condenação dos golpes de Estado.
Os respectivos dirigentes dos três Estados do Sahel, “assumindo plenamente as suas responsabilidades perante a história e respondendo às expectativas, preocupações e aspirações das suas populações, decidiram, em plena soberania, retirar sem demora o Burquina Faso, o Mali e o Níger da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental”, refere o comunicado, que foi lido nos órgãos de comunicação social estatais daqueles três países.
CEDEAO falhou, dizem os regimes golpistas
“Ao fim de 49 anos, os povos corajosos do Burquina Faso, do Mali e do Níger constatam, com pesar e grande decepção, que a organização (CEDEAO) se afastou dos ideais dos seus pais fundadores e do espírito do pan-africanismo”, lê-se no comunicado, acrescentando que “a organização falhou notavelmente em ajudar estes Estados na sua luta existencial contra o terrorismo e a insegurança.”
Para já, não é claro qual será o impacto da decisão das juntas do Níger, Burquina Faso e Mali no bloco regional de 15 membros, onde bens e cidadãos circulam livremente.
De acordo com o tratado do bloco, os Estados membros que desejem retirar-se devem notificar por escrito com um ano de antecedência. Mas não está claro se os três países o fizeram. O tratado diz ainda que devem continuar a respeitar as suas disposições durante o período de um ano.
Golpes merecem grande repudio da CEDEAO
Os golpes de Estado no Mali (24 de Maio de 2021), Níger (26 de Julho de 2023), Burquina Faso (6 de Agosto de 2023) derrubaram Governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência.
Em Setembro, os três países a Aliança dos Estados do Sahel (AES) acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa. Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os Governos anteriores de não terem falhado nessa matéria.
No terreno, as forças militares francesas foram expulsas, sendo substituídas por elementos do grupo de mercenários russo Wagner.
Recorde-se que a CEDEAO tem criticado os Governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de acções militares no terreno para repor a ordem democrática.