
BNA salienta cooperação com Banco Central de França para a robustez das suas capacidades internas
A vice-governadora do Banco Nacional de Angola (BNA), Maria Juliana de Fontes Pereira, destacou ontem, terça-feira, dia 1, a cooperação com instituições financeiras internacionais, entre as quais o Banco Central de França, fundamental para o reforço das capacidades internas da instituição angolana.
De acordo com a nota da agência Lusa, Juliana Pereira intervinha na terceira edição da Conferência de Sustentabilidade na Banca, promovida pela Associação Angolana de Bancos (Abanc), que decorre esta terça-feira, na capital angolana Luanda, sob o tema “Financiamento Sustentável e a Importância de uma Taxonomia Climática e Social para Angola”.
Segundo a vice-governadora do banco central angolano, tem sido fundamental a cooperação com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o banco central de França para o reforço das capacidades internas do BNA, no quadro dos seus pilares estratégicos, governação corporativa, política, monetária, de regulação e supervisão prudencial.
“Este apoio tem permitido ao BNA desenvolver ferramentas e metodologias robustas que asseguram uma abordagem transversal à sustentabilidade, tanto nas suas operações internas como no papel catalisador que exerce sobre o sistema financeiro nacional”, frisou Pereira.
Em declarações à imprensa, a responsável destacou que são apoios sobretudo ligados à formação, o principal foco neste momento do banco central angolano, para “nivelar as equipas” e para repassar ao sistema novas estratégias adquiridas destas instituições, já muito avançadas nestas matérias.
Por outro lado, o presidente da Abanc, Mário Nascimento, referiu que a sustentabilidade deixou de ser um tema marginal ou nicho, sendo actualmente uma exigência dos mercados, dos reguladores, dos investidores e das gerações futuras.
O representante destacou que o BNA já publicou regulamentação, entregando explicitamente factores ambientais, sociais e de governação na gestão de riscos de créditos, exigindo reporte anual de sustentabilidade às instituições bancárias, enquanto, por sua iniciativa, os bancos comerciais já publicam relatórios de sustentabilidade.
“Por sua vez, começámos a assistir a exigências por parte de alguns correspondentes internacionais, nomeadamente parceiros de compensação em dólares e euros, sobretudo bancos europeus e norte-americanos, que condicionam a disponibilização de linhas de financiamento a processos robustos de gestão ambiental e social”, salientou.
De acordo com o presidente, a cooperação técnica que alguns bancos têm com a instituição francesa demonstra que a banca angolana já está a responder, antecipando os requisitos das directivas europeias das melhores práticas internacionais. “Estes avanços mostram que a sustentabilidade já deixou de ser uma opção para passar a ser um critério de competitividade, para acesso a capital, para manutenção de correspondentes e para reforço da confiança dos investidores”, sublinhou.
Necessidade de uma linguagem comum que dê clareza ao mercado
Apesar dos progressos, falta uma linguagem comum, considerou Mário Nascimento, “que dê clareza ao mercado sobre o que é ou não é actividade sustentável em Angola”.
O responsável sublinhou que ainda não existe um quadro regulatório que aborde a questão da sustentabilidade, existem apenas algumas exigências do BNA para esse tema, nomeadamente o dos riscos climáticos e sociais, “mas não num quadro estruturado”.
Para o presidente da Abanc, o tema da sustentabilidade exige uma linguagem comum, uma linha de orientação sobre o impacto. Referindo-se à situação do sector bancário angolano, o responsável sublinhou que as preocupações coincidem com o resto da economia do país, designadamente o desenvolvimento e crescimento económico.
Segundo Nascimento, o sector bancário tem contribuído para a diversificação económica, financiando o sector real da economia e capacitando as empresas do ponto de vista financeiro.