Estamos juntos

Bancos devem adoptar melhores práticas de cariz sustentável

O vice-governador do Banco Nacional de Angola, Pedro Castro e Silva, defendeu, em Luanda, que os bancos comerciais devem adaptar-se às melhores práticas em termos de sustentabilidade ambiental, tendo reforçado que uma das melhores formas para essa prática é a emissão de Títulos Verdes que são orientados para projectos de conservação da natureza.

Relativamente à sustentabilidade Pedro e Silva disse que o país ainda se encontra  numa fase embrionária e que para reverter o quadro o BNA vai seguir os padrões  implementados pelo banco central europeu.

O responsável que falava no Fórum sobre “Sustentabilidade no Sistema Financeiro Angolano” (SFA), realizado, recentemente, considerou ainda que a sustentabilidade tem uma componente importante, já que ” hoje os riscos climáticos podem representar também uma ameaça financeira”.

Em relação à obrigação dos bancos centrais na criação de uma reserva sistémica, Pedro Castro e Silva explicou que algumas instituições possuem uma quota com menos peso em relação às outras, e que actualmente todos os bancos são obrigados a depositar uma quota.

“Alguns bancos possuem uma quota de 0,5 por cento, outros 18 e 25 por cento.  Um banco que detém 25 por cento dos depósitos certamente merecerá mais atenção, porque temos mais pessoas e empresas, por isso esses bancos são denominados sistémicos”, explicou.

Avaliação do sistema

O chefe de Divisão do Departamento de Regulação e Organização do Sistema Financeiro (órgão afecto ao BNA), Mário Camacho, apresentou o diagnóstico que o Conselho de Supervisores do Sistema Financeiro (CSSF)  realizou, nos últimos meses, sobre a avaliação do sistema financeiro angolano, com o objectivo de aferir o nível de maturidade das instituições nas dimensões, ambientais, sociais e de governança.

Os resultados do diagnóstico permitiram aferir que  o sector bancário se encontra numa média de 43 por cento, sendo que para a área social obteve 50 por cento,  para o ambiente 26  por cento e para a governança 53 por cento.

O mercado de capital apresentou uma média de 38 por cento, sendo 45 por cento para o sector social, 18 para o ambiente e 51  por cento para a governança.

Já o diagnóstico para o sector segurador obteve um resultado de 47 por cento, com 60 por cento para o sector social, 37 para o ambiente e 43 em governança.

Face aos resultados obtidos, o Conselho de Supervisores do Sistema Financeiro deixou cinco recomendações às instituições financeiras que passam pela promoção de formação e conhecimento sobre matérias ligadas à sustentabilidade, identificar e incorporar riscos socioambientais, bem como implementar modelos para mitigar tais riscos.

Aderir medidas internacionais, promover a inclusão financeira incluindo comunidades tradicionais assim como promover a transparência de informação.

Mário Camacho avançou ainda que, para o próximo ano, o SFA definiu algumas bases para que as acções futuramente implementadas tenham um bom porto e passam pela  publicação dos princípios de sustentabilidade do SFA, definição de regras de cortes por sector, realização da segunda ronda de inquérito para o diagnóstico, assim como,  Framework de sustentabilidade do SFA.

O diagnóstico decorreu sob a supervisão do Banco Nacional de Angola,  Comissão do Mercado de Capitais (CMC) e da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG).

Partilha de experiências

A representante do Banco Central do Brasil e especialista em Finanças sustentáveis, Viviane Torinelli, que falava no debate sobre “Experiências na implementação dos critérios ESG- desafios e perspectivas”, considerou que existe um esforço conjunto para o alinhamento da sustentabilidade.

“Estamos a aprender e a evoluir nas práticas para que se tenha uma agenda local alinhada globalmente à questão da regulação, supervisão, pesquisa e na implementação de políticas monetárias reactivas à sustentabilidade”, disse.

Esse movimento, acrescentou, de alinhamento aos riscos climáticos, ambientais e sociais é um factor de risco financeiro que tem relação com impactos macroeconómicos que se desencadeiam a riscos financeiros. E que há um papel a ser cumprido por esses reguladores dos bancos centrais.

A especialista  apontou que para alcançar tais objectivos é imprescindível  adaptar-se ao cenário actual, fortalecer a percepção de riscos bem como identificar quais são os factores sociais e económicos associados a essa variação climática.

ESG é um conjunto de padrões e boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e correctamente gerenciada.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...