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Angola vende 2,6 milhões de toneladas de cimento em 2022

Presidente da AICA considera “crítico” o volume de vendas da indústria cimenteira do país, face à sua capacidade instalada, que está à volta dos 8,6 milhões de toneladas de cimento por ano.

Angola vendeu pelo menos 2,6 milhões de toneladas de cimento, em 2022, que corresponde a um nível de utilização da capacidade instalada de 31%, revelou o presidente da Associação da Indústria Cimenteira de Angola (AICA), Manuel Pacavira.

Manuel Pacavira considerou ser um volume de vendas crítico para o sector, face à capacidade de produção que as indústrias cimenteiras angolanas têm, que está em torno dos 8,6 milhões de toneladas de cimento por ano.

O presidente da AICA, citado em entrevista à Forbes África Lusófona, referiu ainda ser do interesse dos associados vender tudo que está a ser produzido, uma vez que “quando não se está a trabalhar com a real capacidade de produção poderão surgir graves problemas na manutenção dos equipamentos, situações muito críticas de gestão a nível das empresas, bem como repercussões fortes em termos dos custos de operação e de produção”.

De acordo com o líder associativo, o cimento não pode estar armazenado por muito tempo. “O que deve acontecer é, na medida que estiver a ser produzido, automaticamente deve ser comercializado para não haver reações químico-física e o produto (cimento) partir dentro dos silos”.

Conforme se pôde depreender ainda das palavras de Manuel Pacavira, a pandemia da Covid-19 e os aspectos que tem a ver com a própria gestão do país, fizeram com que o nível de construção baixasse significativamente a procura do cimento. “É importante saber que em Angola o maior cliente é o Estado e a seguir a população, que não faz compras consideráveis”, frisou.

A maior parte do volume produzido foi comercializada no mercado nacional e a outra, mais reduzida, cerca de 5 mil toneladas – o que corresponde a mais de 100 mil sacos de cimento – foi exportada pela associada Cimangola para São Tomé e Príncipe, além de clínquer enviada para Camarões, Gana e Brasil.

“Exportamos cerca de 523,7 toneladas de clínquer da Cimangola. As outras associadas provavelmente não conseguem fazer essas exportações porque as suas infra-estruturas não lhes permitem. Têm que recorrer ao Porto e ainda lidar com alguns aspectos a nível internacional que tornam o processo mais difícil”, explicou.

Relativamente a alagar a exportação para outros mercados, Manuel Pacavira diz depender muito da procura. “Se o cliente estiver na Guiné ou em Cabo-Verde e quiser cimento ou clínquer, é só manifestar o interesse que seguidamente exportamos o produto sem constrangimentos”, exemplificou, acrescentando que actualmente quem mais recorre aos cimentos do país é São Tomé e Príncipe”.

País deixou de importar matéria-prima desde 2018

Por outro lado, Manuel Pacavira destacou que toda a matéria-prima sempre foi adquirida internamente, excepto o minério de ferro que, por desconhecimento, as fábricas que produzem clínquer importavam.

Entretanto, conta, foi a partir de 2018 que se descobriu que no país tem disponível esses recursos e se deixou de importar. “Actualmente, vamos buscar o minério de ferro na província do Moxico, a cerca de 1.500 km fora de Luanda”, avançou.

Pacavira fez saber que quando se está a montar uma fábrica de cimento, as matérias-primas como o calcário e argila, que entram em doses proporcionais [80% de calcário e 16% de argila] devem estar necessariamente próximas das fábricas.  “O que tem de haver é disponibilidade de matéria-prima para mais de 60 anos de produção se não a fábrica será inviável”, alertou.

Segundo o responsável pela Associação da Indústria Cimenteira de Angola, estão a ser feitas pesquisas para se identificar outras partes do país que tenham disponíveis recursos de minério de ferro, a fim de terem uma mina para explorar e tornar os custos de produção mais baixos e, consequentemente, uma redução dos preços do cimento no mercado.

Para Manuel Pacavira, quando a matéria-prima se encontra distante das fábricas, torna o processo um bocado inviável, o que implica maiores custos de operação, além de que uma fábrica de cimento é uma indústria de capitais intensivos e o seu retorno é a longo prazo.

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