Angola é um país líder, diz responsável da ONU
No dia em que o Presidente João Lourenço discursou na ‘Cimeira do Futuro’ na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, integrada na 79ª Assembleia Geral da organização, aqui reproduzimos os trechos mais relevantes da entrevista que Zahira Virani, coordenadora da ONU em Angola, concedeu ao canal ONU News.
ONU News: Há pouco tempo, a ONU Angola protagonizou iniciativas com os jovens. Pode contar um pouco mais?
Zahira Virani: Como sabe, África é o continente mais jovem do mundo e Angola possui a população mais jovem de África. Por conseguinte, qualquer actividade, qualquer projecto, qualquer programa que nós estejamos a implementar no país tem de estar relacionado com a juventude. A Cimeira do Futuro, que está a decorrer em Nova Iorque, dá-nos uma oportunidade bastante interessante para promover o futuro dos jovens. Temos muitos projectos, muitas actividades. Por exemplo, temos um projecto conjunto que envolve quatro agências da ONU. Este projecto está relacionado com a política da juventude e da tecnologia informática também para promover essa nova geração de desenvolvimento. O projecto pretende passar informações e dar respostas às perguntas dos jovens sobre saúde sexual, educação, desenvolvimento e o papel dos jovens, o que podem fazer para desenvolver o país.
Além disso, há duas semanas, juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, fizemos uma simulação da cimeira aqui em Angola, onde participaram mais de 500 jovens. Foi uma oportunidade para eles puderem pensar “o que será o nosso futuro?” ou “quais são as questões importantes para nós?”. Serviu também para que os governantes e o povo angolano tivessem oportunidade de ouvir a voz dos jovens.
ONU News: Para além da questão da juventude, quais os principais temas que o escritório da ONU no país gostaria de ver tratados dentro desse escopro da Cimeira do Futuro e da Agenda 2030?
Zahira Virani: Em 2024, demos início a um novo quadro de cooperação. Esse quadro de cooperação está totalmente interligado com o Plano Nacional de Desenvolvimento do Governo. Queremos trabalhar juntos para que o país alcance algumas metas que são temas desta cimeira. Temos quatro P’s: paz, prosperidade, pessoas, planeta. Todos eles estão reforçados pelo quinto P, que é de parceria.
Angola tem estado a tomar a liderança na promoção da paz e estabilidade no continente, na região e no mundo. Estamos aqui para capacitar a nova geração de mediadores que está a crescer num país pós-conflito, mas num país estável, num país líder. Os novos governantes angolanos poderão ter um papel importante na mediação de conflitos. Estamos a trabalhar com eles para promover essa nova geração dos peacemakers.
ONU News: O que mais destacaria que está a ser feito, regionalmente falando, liderado pela ONU em Angola e pelo governo angolano, para impulsionar o desenvolvimento sustentável, não só nos países vizinhos de Angola, mas também no continente?
Zahira Virani: Há um mês Angola assumiu a presidência da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SADC). Contudo, já desde o ano passado que Angola tem desempenhado um papel
activo na liderança, na promoção da paz, segurança e desenvolvimento. O presidente João Lourenço lançou um apelo regional para dar resposta à seca que está a afectar quase todos os países da SADC. Estes países estão a sofrer particularmente com as alterações climáticas e os efeitos do fenómeno El Niño. Neste momento, vários países da organização, incluindo Angola, têm milhões das pessoas em insegurança alimentar. Angola liderou o lançamento do apelo regional para mobilizar recursos.
No próximo ano, Angola vai presidir à União Africana (UA). Neste momento, o governo está a elaborar a agenda que vai incluir, com certeza, questões como o desemprego e o crescimento económico no continente. Não só o crescimento económico, mas o crescimento económico inclusivo.
ONU News: Gostaria de deixar alguma mensagem nesta semana da Cimeira do Futuro?
Zahira Virani: 2030 é já amanhã. Angola tem uma batalha a travar rumo ao desenvolvimento. É um país sério, é um país líder em África. Estamos prontos para apoiar os angolanos neste papel de liderança.