
Angola afirma que De Beers tem de continuar a apoiar as diamantes naturais
Angola está a acompanhar com muita atenção a reestruturação da multinacional diamantífera De Beers, incluindo a venda da participação da Anglo American – um conglomerado mineiro britânico – e está em contacto com parceiros para garantir que a empresa “não caia nas mãos de quem não tem interesse em diamantes naturais”.
Segundo informou a agência Lusa, ontem, quinta-feira, dia 26, as declarações foram feitas pelo ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, que falava na sede da empresa nacional de diamantes Endiama, na capital Luanda, após uma apresentação sobre o estado da indústria diamantífera feita por Martin Rapaport, uma figura de destaque no comércio internacional destas pedras.
“A De Beers, como sabem, é a alma dos diamantes naturais. O seu principal accionista está a vender a sua participação. O que posso garantir é que não estamos distraídos”, afirmou o ministro, referindo-se à decisão da Anglo American – que actualmente detém 85% da De Beers – de vender a sua participação na multinacional de diamantes.
Os restantes 15% da De Beers pertencem ao Governo do Botswana, maior produtor africano de diamantes, que poderá vir a aumentar a posição accionista.
“Poucas pessoas perceberam, mas viajei para Londres e reuni-me com os presidentes da Anglo American e da De Beers. Também conversei com o Presidente do Botswana, Duma Boko, que esteve aqui na cimeira EUA-África, e tenho conversado com o meu homólogo nesse país, Bogolo Joy Kenewendo”, declarou o ministro, acrescentando: “Posso dizer que não estamos distraídos, porque não podemos deixar a De Beers cair. Não podemos deixá-la nas mãos de quem não tem o mesmo interesse que aqueles que possuem diamantes naturais.”
Questionado sobre um eventual interesse de Angola em adquirir uma participação na De Beers, Azevedo recusou-se a entrar em detalhes, limitando-se a afirmar que o Governo está “atento” à situação e, por isso, “quis falar com os parceiros”.
Segundo estimativas de analistas internacionais, o valor da participação da Anglo American na De Beers poderá situar-se entre 2 e 2,5 mil milhões de dólares, menos de metade do valor contabilístico, devido à quebra da procura por diamantes naturais e à concorrência crescente dos sintéticos.
A Anglo American é uma multinacional sediada em Londres com operações em África, na América do Sul, na Ásia e na Austrália, explorando platina, cobre, ferro, carvão, níquel e diamantes, estes últimos através da De Beers. Em Angola, a britânica mantém contratos de investimento mineiro com o Governo para a prospecção de metais básicos nas províncias do Cunene e Moxico.
A De Beers, maior diamantífera do mundo, regressou a Angola em 2022 após uma ausência de cerca de dez anos, tendo estabelecido novos contratos com a estatal angolana Endiama e identificado múltiplas áreas de exploração com elevado potencial diamantífero.