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África deve ter voz mais activa nas Instituições de Bretton Woods, defende estudo

O Grupo Banco Mundial deve expandir a sua missão e as suas prioridades para além dos objectivos gémeos e aumentar o seu capital”, lê-se num artigo de opinião publicado no ‘site’ deste reputado instituto norte-americano de pesquisa e que se centra na defesa de mudanças no Banco Mundial para fomentar o desenvolvimento dos países africanos.

No artigo, assinado pela directora do instituto, Zainab Usman, e mais três analistas, diz-se que “durante décadas, o trabalho do Banco Mundial centrou-se em acabar com a pobreza e aumentar a prosperidade partilhada, mas, no seguimento do novo roteiro e depois dos Encontros Anuais de 2023 [em Marraquexe], o Grupo tem de expandir as suas prioridades, focando-se mais nos desafios do desenvolvimento em África, como as alterações climáticas, a insegurança alimentar, questões económicas, gestão da dívida e o défice de infraestruturas”.

O artigo surge cerca de um mês antes dos Encontros da Primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que se realizam em Washington em Abril, e vinca que “este realinhamento de prioridades deve ser ligado a um aumento de capital e à duplicação dos recursos da Associação para o Desenvolvimento Internacional”, o instrumento de financiamento do Banco Mundial para os países mais pobres.

O aumento do financiamento concessional, enquanto os esforços para aumentar a participação do sector privado no desenvolvimento africano não surtem efeito, é outra das propostas dos analistas, que resultam de reuniões de alto nível que decorreram durante todo o ano passado.

Aumentar a rapidez de implementação dos projectos, expandir e lançar instrumentos inovadores de financiamento, apoiar os projectos de desenvolvimento regionais, colaborar com organizações regionais africanas e com outros parceiros de desenvolvimento para financiar bens públicos globais, e aumentar a voz dos países africanos na governação económica mundial, são outras das propostas dos peritos, que deixam também um conjunto de recomendações para os próprios africanos.

“África precisa de uma agenda clara, concisa e unificada que sintetiza as contribuições dos governos africanos”, lê-se no artigo, que defende ainda que os decisores políticos africanos devem “seleccionar representantes de organizações para potenciar a agenda das reformas centradas em África”, criar ferramentas e índices de análise que contrariem o preconceito contra África, focarem-se nos projectos de infraestruturas e mobilizar o capital de desenvolvimento no continente, através de parcerias com o sector privado local, assim reduzindo o risco de endividamento externo e potenciando o mercado interno.

Os países em desenvolvimento, em particular os africanos, têm enfrentado um aumento da dívida externa não só pela desvalorização das suas moedas, mas também pela subida das taxas de juro decididas pelos principais bancos centrais, nomeadamente a Reserva Federal dos Estados Unidos, o que colocou as finanças públicas sob maior pressão relativamente à capacidade de financiar os investimentos necessários para desenvolver as economias.

Nos Encontros Anuais de 2023, em Outubro, em Marraquexe, Ajay Banga defendeu uma reforma do Banco Mundial e disse querer elevar a capacidade de empréstimo em 150 mil milhões de dólares, mais de 140 mil milhões de euros, defendendo uma instituição “maior e melhor” e com capacidade para analisar o impacto dos projectos que apoia.

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