
Libertados seis opositores detidos desde golpe de Estado na Guiné-Bissau
Seis opositores políticos detidos desde o golpe de Estado ocorrido há um mês na Guiné-Bissau foram libertados ontem à noite, terça-feira, dia 23, anunciou em comunicado a junta militar que tomou o poder.
A 26 de novembro, um dia antes do anúncio dos resultados provisórios das eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau, os militares depuseram o então Presidente Umaro Sissoco Embaló, no poder desde 2020, e suspenderam o processo eleitoral em curso.
O candidato da oposição Fernando Dias, que reclama a vitória, refugiou-se da embaixada da Nigéria, que entretanto lhe concedeu asilo.
O proeminente líder da oposição, Domingos Simões Pereira, foi detido no dia do golpe, juntamente com outras figuras da oposição.
As seis pessoas agora libertadas são aliadas próximas de Pereira, líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), o partido histórico que conduziu o país à independência de Portugal em 1974.
Estas libertações constituem um “sinal de boa-fé e um compromisso para o regresso à normalidade constitucional e ao respeito pelo direito internacional”, sublinhou o alto comando militar, órgão de governo da junta, em comunicado.
Neste momento, Simões Pereira continua detido juntamente com outras figuras da oposição, e Dias continua refugiado na embaixada nigeriana.
Uma delegação senegalesa liderada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, de visita a Bissau no domingo, reuniu-se com os membros da oposição detidos e solicitou a sua libertação.
Inicialmente detido pelos militares no momento do golpe, o presidente Sissoco Embaló fugiu do país, primeiro para o Senegal, depois para o Congo Brazzaville e finalmente para Marrocos, onde se encontra.
Entretanto, a junta nomeou o general Horta N’Tam, um aliado próximo de Embaló, como presidente de um governo de transição com a duração prevista de um ano.
Na semana passada, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) ameaçou impor “sanções direcionadas” a qualquer pessoa que tente obstruir o regresso ao governo civil na Guiné-Bissau.
O país está suspenso da CEDEAO, da União Africana e da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização em que detinha a presidência rotativa.
A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma farsa orquestrada por Umaro Sissoco Embaló, por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados e mandando deter de forma arbitrária diversas figuras que apoiavam o candidato que reclama vitória, Fernando Dias.