Estamos juntos

G20 defende maior eficácia do fórum nas tensões geopolíticas

A Cimeira do G20, que encerrou ontem em Joanesburgo, recomendou uma reformulação profunda do funcionamento do grupo, destacando a necessidade de reduzir o número de prioridades por presidência, racionalizar os grupos de trabalho e reforçar o papel da Troika como mecanismo de continuidade, para que o fórum volte a ser mais eficaz num contexto global marcado por tensões geopolíticas e fraca coordenação internacional.

A declaração surge no culminar da Cimeira do G20, que avaliou o primeiro ciclo de presidências desde a elevação do grupo a nível de líderes, em 2008.
O documento conclui que o G20 continua a ser “o principal fórum de cooperação económica internacional”, mas reconhece que a sua eficácia tem diminuído muito, devido ao aumento da fragmentação global, agendas demasiado extensas e falta de alinhamento entre presidências sucessivas.
Durante a Cimeira, os Estados-membros reafirmaram que o G20 deve concentrar-se exclusivamente no seu mandato de promover um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo, priorizando temas como política macroeconómica, estabilidade financeira, comércio e investimento, energia, clima, emprego, fiscalidade, segurança alimentar e digitalização. Em contraste, áreas incluídas mais recentemente como cultura, turismo e redução do risco de desastres foram identificadas como menos impactantes e poderão ser fundidas ou suprimidas.
A Cimeira também reforçou o valor da “informalidade do G20”, da tomada de decisões por consenso e do carácter liderado pelos Chefes de Estado, sublinhando que este modelo foi determinante para respostas rápidas em crises globais, como a crise financeira de 2008 e a pandemia da Covid-19.
A Cimeira defendeu a ampliação dos espaços de diálogo entre líderes e sherpas (representantes pessoais dos líderes), o reforço do alinhamento entre os trilhos financeiros e sherpas e manter um relacionamento estreito com organizações como a ONU, FMI, Banco Mundial, OMC, OCDE e OIT. Outra recomendação relevante é a de estruturar melhor a “rotação regional das presidências”, garantindo previsibilidade e equilíbrio entre economias avançadas e emergentes, embora sem criar distinções formais entre os membros.
Ao dar início ao segundo ciclo de presidências, que começa em 2026 sob a liderança dos Estados Unidos, o G20 pretende tornar-se mais eficiente e preparado para coordenar respostas conjuntas a desafios globais como o endividamento, a fragmentação económica, as alterações climáticas e a instabilidade geopolítica.
Notícias relacionadas
Comentários
Loading...