
Biodiversidade também é soberania, defende responsável angolano
O representante permanente de Angola na União Africana (UA), Miguel César Bembe, reafirmou que a conservação da biodiversidade não é apenas uma obrigação ambiental, mas um acto de soberania e uma expressão de harmonia entre a humanidade e a natureza, revelou a publicação digital ‘Further Africa’.
Estas observações foram efectuadas durante a primeira Cimeira Africana de Biodiversidade, que decorre de 2 a 5 de Novembro, na capital da Etiópia, Adis Abeba, onde o embaixador sublinhou que a prosperidade futura de África depende da protecção dos ecossistemas que sustentam os seus povos, economias e culturas.
As reflexões de Bembe ecoaram uma convicção crescente entre os formuladores africanos de políticas: a resiliência ecológica é inseparável da independência política e económica. “A nossa biodiversidade”, afirmou, “é uma expressão viva do nosso património – a sua preservação sustenta a nossa soberania.”
Por todo o continente, os países africanos estão cada vez mais a encarar a biodiversidade não apenas como uma questão de conservação, mas como um activo estratégico. Florestas, rios e ecossistemas marinhos constituem a base dos meios de subsistência, da segurança hídrica e da geração de energia — pilares vitais da resiliência nacional face às alterações climáticas e às pressões económicas globais.
Angola tem vindo a avançar de forma consistente na sua agenda de governação ambiental. Através da reabilitação de parques nacionais, de iniciativas de combate à caça furtiva e de programas de conservação baseados nas comunidades, posicionando-se como líder na gestão sustentável dos recursos naturais na África Austral.
Projectos recentes, incluindo sistemas de monitorização da biodiversidade e cooperação transfronteiriça na protecção de ecossistemas, evidenciam a determinação de Angola em alinhar o crescimento económico com a preservação ecológica.
A necessidade de proteger a alma de África
Ao nível da UA, a biodiversidade tornou-se um elemento central no diálogo sobre o desenvolvimento do continente — um reconhecimento de que a soberania ambiental é tão importante quanto a liberdade política. Desde as florestas tropicais da bacia do Congo até às zonas húmidas do Delta do Okavango, a riqueza natural de África constitui o alicerce da sua prosperidade futura.
A intervenção do embaixador Bembe serve como um lembrete de que o caminho de África para o desenvolvimento sustentável deve assentar no respeito pela terra que a sustenta. Proteger a biodiversidade não é apenas salvaguardar espécies – é proteger a alma de África, a sua autodeterminação e o seu direito de prosperar segundo os seus próprios termos.