Guterres defende investimento e reforma global para potencializar “África imparável”

No discurso de abertura , António Guterres destacou os activos únicos da África jovem, vasto potencial de energia renovável e criatividade dinâmica, mas afirmou que transformar essa promessa em prosperidade real exigirá investimentos massivos e reformas profundas no sistema financeiro internacional.

“Com uma população jovem do continente, vasto potencial de energia limpa e poder criativo em sectores que vão da fintech à moda, da agricultura à IA, a África está moldando um caminho para a prosperidade sustentável sob ODS, a agenda 2063 e o Pacto para o futuro” frisou o Secretário-Geral.

Perante líderes empresariais e políticos, o chefe da ONU delineou quatro pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável do continente, defendendo que África pode liderar uma revolução sustentável através da integração comercial, industrialização verde, segurança alimentar e inclusão digital.

No capítulo energético, Guterres denunciou a “injustiça flagrante” de África receber apenas 2% do investimento global em energias renováveis, exigindo o cumprimento dos financiamentos prometidos pelos países desenvolvidos. Paralelamente, defendeu que a exploração de minerais críticos deve assentar em princípios de justiça e direitos humanos.

Para combater o paradoxo de o continente importar anualmente mais de 100 mil milhões de dólares em alimentos, o líder da ONU advogou uma transformação profunda dos sistemas alimentares através de agricultura climática inteligente e apoio aos pequenos agricultores.

Guterres concluiu exigindo uma reforma das instituições financeiras internacionais e do Conselho de Segurança da ONU, sublinhando que “é um escândalo” a ausência de representação permanente africana no órgão decisório das Nações Unidas.